quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

LUSCO FUSCO


Até o relógio teima em não andar...
Parado na madrugada
de um tempo que passou.
Paralisou o momento
nos acordes daquela música
que ficou gravada no coração...
Quando suas mãos, sem romper o ritmo,
acariciavam meu corpo,
viçoso qual rosa orvalhada,
no encantamento da alvorada...
Quando só o amor
iluminava mais que o sol!

Carmen Vervloet

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

VERDE DE AMOR!


Ontem, voltava da minha bucólica Santa Teresa, quando dei carona a uma conhecida que vinha para Vitória, a cidade que me adotou. Minha Ilha do Mel! Uma viagem tranquila, transitando entre matas preservadas, vigiadas pelos olhos atentos dos bravos descendentes de italianos que guardam e cuidam de suas origens e cultura e resguardam com amor e gratidão, principalmente a terra que acolheu seus antepassados, hoje considerada uma das melhores qualidades de vida do país. Mas minha conhecida não era uma teresense e muito menos uma cidadã sustentável. Logo no começo da viagem atirou pela janela do carro uma garrafa de água mineral que havíamos acabado de beber. Parei o carro imediatamente e fui lá recolher a garrafa colocando-a no lixinho do mesmo. Vi-a espantada com meu gesto e logo me perguntou:
- Qual o problema de se jogar uma garrafinha na beira da estrada?
- Tive que desfiar um rosário de inconveniências começando pela dengue e acabando com enchentes também causadas pelo lixo que não deteriora. Mas percebi, na minha sensibilidade, que ela não disse amém!
Depois deste incidente comecei a refletir o quanto o próprio cidadão, com pequenos gestos como o que acabara de ocorrer, é responsável pelas catástrofes que estão acontecendo por todo o mundo, ceifando vidas, deixando tantos desabrigados, derramando rios de lágrimas, causando tanto sofrimento. E pensei:
- Por que não começar pela internet uma conscientização do cidadão sustentável? Já que as indústrias e as empresas não deixam de poluir porque não abrem mão de seus lucros, já que os meios de comunicação nem sempre denunciam porque precisam dos anúncios dos mesmos, já que o governo pouco faz, por que então, nós cidadãos que pagamos nossos impostos e que não temos nada a perder, (a não ser nosso próprio planeta que a cada dia reage com mais violência às agressões dos homens, além de nossa saúde, nossa alegria, nossas vidas) por que não iniciarmos uma educação do cidadão sustentável?!
Chegando em casa vi um artigo no jornal A Gazeta, falando sobre o profissional sustentável. Tomei então conhecimento que na minha querida cidade de Vitória, vários profissionais estão fazendo sua parte. O gerente de uma empresa, por exemplo, que mora relativamente próximo ao seu trabalho, aproveita seu “hobby” que é andar de “skate” para chegar até lá. Junta prazer e saúde à sustentabilidade, pois deixando seu carro na garagem evita a poluição causada pelo automóvel, além de se exercitar e economizar combustível, assim evitando desperdícios. Se não vai de “skate”, vai de bicicleta, e segue os ensinamentos de sua mãe que sempre lhe dizia para não deixar a porta da geladeira aberta por muito tempo e apagar a luz ao sair de um ambiente. Fica aqui um alerta, para as mães, que desejam um futuro mais seguro e mais alegre para seus filhos. Educação começa no berço, torne seu filho um cidadão sustentável, principalmente com seu exemplo.
Talvez, alguns perguntem:
- O que é um “cidadão verde” ou um cidadão sustentável?
- O “cidadão verde” é aquele que tem comprometimento com a consciência ambiental, reduzindo o impacto do planeta, transformando-se num exemplo para os outros. Poderia listar uma série de hábitos do nosso dia a dia que precisam urgentemente ser mudados, como comer carne bovina, usar copos descartáveis e sacolas plásticas, separar o óleo utilizado em nossas cozinhas para ser reciclado, da mesma forma que o lixo, deixar mais vezes o carro na garagem, dentre outros procedimentos. Deixo aqui meu apelo para que os cidadãos pesquisem, planejem e alterem seus hábitos, pois estamos assassinando o PLANETA TERRA. Terra que nos dá o alimento, a água que bebemos, enfim, a vida! Amo esse nosso Brasil, de verdes matas, rios caudalosos, límpidas cachoeiras, flores multicoloridas, praias morenas e povo gentil. Vamos salvar “Gaia” e assim estaremos salvando o Brasil e em consequência, aos nossos descendentes. Fica aqui meu apelo de amor!

Carmen Vervloet

domingo, 23 de janeiro de 2011

ALEGRIA, ETERNA MANIA


Não sei se sou
ou estou poeta,
minha alma
de poesia repleta
transborda em versos
a emoção...
Jorra a benção Divina,
uma inocência menina
vibrando a composição!
Encho os pulmões,
sopro as palavras
que voam em inspiração
giram no eixo
de um furacão,
varrem qualquer
aflição e deixam
uma vibrante alegria
minha eterna mania,
prazerosa magia!
Abro as janelas
e escancaro a porta
a mim tudo importa!

Carmen Vervloet

sábado, 22 de janeiro de 2011

VITÓRIA, UMA DECLARAÇÃO DE AMOR


Vitória, cidade querida,
eu sou aquela tímida menina
que um dia te encontrou
na esquina da vida
e ficou enamorada,
presa a ti, cidade amada...
Enfeitiçada...
Para sempre, simplesmente...

Apaixonei-me pelo teu sol
tão quente
que aqueceu todo meu ser
e me fez crescer
entre o amor da tua gente.

Apaixonei-me pelas tuas praias morenas,
pelo teu mar de águas serenas,
pelo teu vento nordeste
sempre a soprar
levando minha alma a navegar...

Apaixonei-me pela Praia do Canto,
meu ninho... meu encanto...
Abrigo de tantas lembranças
guardadas num coração,
inocente, de criança...

Em teu colo me enamorei,
casei...
Filhos, com amor pari.
Cantei, chorei, sorri,
embalei sonhos, venci!

Vivi tantas primaveras,
lutei, amei, sofri,
criei raízes profundas...
Hoje, chegou o outono,
primavera lá trás...

Ah! Minha Vitória querida!
Eu sou aquela tímida menina
que cruzou contigo numa esquina
sombreada por acácia cor-de-rosa,
salpicada por pétalas mimosas
de um tempo que não volta mais!

Se quiser me encontrar
procure um barquinho amarelo
carregado de recordações
nas águas do seu mar!

Eu sou aquela menina tímida
de cabelo liso,
de largo sorriso,
que veio do interior...
Eu sou Carminha!

Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ODE AO LUAR

Nem sei o que aconteceu naquele dia
A lua surgiu, no céu, silenciosa e plena
Em luar pôs-me em estado de poesia
Embriaguei-me com essência de alfazema!

Deitei sobre o tapete relva do jardim,
Entreguei-me flor, alucinada de luar
Formosa, eu me abri em lascivo jasmim
E conjuguei em êxtase e paixão o amar!

Sobre meu corpo quente, um beijo doce,
Carícias e sensações que o vento trouxe,
Nos raios de prata da lua cheia...

Que eu colhia nas pétalas dos agapantos
Enquanto você me embalava com seu canto
E minha alma fluía silente em suas veias!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

AS ESQUINAS DA ALMA


Alma, este fascinante universo cortado
por ruas em permanente mutação,
onde sentimentos se cruzam nas esquinas...
Emoções em movimento
que tangem a existência
e traçam caminhos...
Caminhos que podem ser
um jardim em flor
cultivado no amor
ou um jardim de espinhos
no ventre infértil do desamor.
A opção é somente nossa.
Eu particularmente prefiro
transitar pelas ruas onde
o sonho engravida a vontade
que se faz inspiração
e gera realização.

Carmen Vervloet

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

QUANDO A POESIA CHORA


A poesia chora...
Quando a cena é a mão que apedreja
e a palavra machuca o coração,
terra sem escape...
Jardim onde a flor fenece
junto ao tempo que passa indiferente
e deixa pra trás uma saudade latente!

A poesia chora...
Quando os ouvidos se fazem surdos
ante os gritos da natureza ensanguentada
que caminha destroçada rumo à morte
e poucos se curvam frente ao seu infortúnio
e sua sombra se move sobre o futuro,
catástrofes que destroem nosso porto seguro.

A poesia chora...
Quando ninguém ama ninguém
num mundo onde o egoísmo é rei
e a vaidade apaga a luz que brilha
sem pausas, sem lanternas, sem faíscas, sem velas...
Erva daninha brotada do veio da seca terra,
lâmina afiada que sobre todos se enterra.

A poesia chora...
E já nem molha o papel!
Máquinas, engrenagens, computadores
robotizam os endurecidos corações
e a terra qual fria e impermeável pedra
povoada por semideuses de aço,
sentimento implodido, pedaços de amor no espaço!

E em cada lâmina que fere a vida,
a poesia já nem chora...
A poesia afoga-se em lágrimas
e morre de dor!

Carmen Vervloet

SONHANDO NA CHUVA



A chuva cai... cai... cai...
Vai molhando meu jardim.
Meu pensamento vai... vai... vai...
A um passado longe de mim.

Encontra lembranças esquecidas,
um tempo de amor sem fim!
Uma família linda e unida
que a vida roubou de mim.

Quisera que esse tempo voltasse
preso às tranças da minha criança.
Envolvido em amorosos entrelaces,
esquivando-se das pontas das lanças.

No chuá que a chuva canta
(re)componho minha esperança.
E no viço de cada planta
revejo a criança de trança.

Carmen Vervloet

GRITO



Na curva te encontro pulsando paixão.
Vens insinuante, palpitante,
numa nuvem de sedução.
A fome busca sustento
na pele arrepiada.
Seqüestra os sentidos...
As mãos modelam o corpo
que sem resistência vai se entregando...
Mas grita a razão
que não sucumbe à sedução,
nem permite a loucura...
Solta a larva guardada no âmago
para que assuste o desejo.
O desejo foge com medo
de fazer o coração sofrer outra vez.

Carmen Vervloet

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

MELINDRES DA POESIA



Pensas que a poesia se abre lentamente,
como flor que se espreguiça ao sol.
A poesia sempre está latente,
mas nem sempre se acende ao arrebol.

Deixe que a poesia te provoque
na calma da noite silenciosa...
Não grite por ela, nem a evoque,
a poesia é como moça misteriosa!

Ela tem faces secretas,
dependendo da inspiração, é afoita ou discreta.
Entorna-se qual água de nascente
se o coração que a acolhe é indulgente.

Deixe a poesia passear por sua alma...
Não a force a se levantar precocemente do berço!
Deixe-a amadurecer com calma,
depois desfie a poesia como quem desfia um terço.

Carmen Vervloet

BRASIL, SÍMBOLO DE AMOR



Pirâmide onde o ápice expande luz...
Acende-se como estrela de cinco pontas,
e cada ponta, a energia, em amor conduz.
Num jardim colorido, a base alegre desponta.

Em cada flor orvalho de felicidade,
matizes de fraternidade e alegria,
venturas recebidas com simplicidade,
rastro de perfume que se faz magia.

Deveres cumpridos com prazer intenso,
direitos recebidos no sopro dos bons ventos
que chegam às nuanças de cada decorosa ação...
Magnólias que desabrocham na paz do coração!

Brasil, de tantas raças, cores e amores...
Brasil, de grãos vermelhos, rubis em café,
Brasil, de mesas fartas exalando odores,
Brasil, de sabiás, palmeiras e bom samba no pé!

Brasil, da igualdade onde cada homem é rei,
Brasil, de tantos olhos que irradiam esperança,
Brasil, de cidadãos cumpridores das suas leis,
Brasil, de dignos representantes que despertam confiança!

Brasil, de suor, trabalho, galhardia e verdade,
Brasil, onde cada gesto é mais que um primor,
Brasil, onde reluzem, a cada sol, as prioridades,
Brasil, nossa pátria amada, símbolo de eterno amor!

Brasil, assim eu te sonho!
Quem sabe um dia...

Carmen Vervloet

sábado, 8 de janeiro de 2011

ABELHA RAINHA



Se do amor eu sinto o doce gosto
é porque sua boca beija a minha
e se de mel e pólen ele é composto,
eu sou sua ardente abelha rainha.

Envolvo-lhe em meu vôo nupcial,
seduzo-lhe e feliz me fecunda...
Alimento-me da sua geléia real,
mas posso causar ferida profunda!

Eu sou abelha livre e guardo defesas.
Você é ciumento... zangão por natureza!
Não ouse me iludir com falsas delicadezas,
sou feroz, sagaz, impulsiva e cheia de ardilezas

Sou fêmea incendiada e vitaminada,
sou soberana, inflexível e determinada!
Posso ser sua eterna namorada...

Mas se sair dos trilhos... perder a linha
e me trair com outra açucarada abelhinha
elimino-lhe com uma só ferroada.

Sou abelha rainha, impetuosa e apaixonada!

Carmen Vervloet

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

PORTO DE TUBARÃO - UM GRITO SOLITÁRIO



Acordo nesta ensolarada manhã de segunda feira que teria todos os motivos para ser mais uma agradável manhã de verão. Moro no bairro mais nobre de Vitória, a Praia do Canto. Uma belíssima vista para o mar, hoje calmo e azul. Da minha janela vislumbro uma paisagem capaz de inspirar os mais lindos versos de amor e devoção à natureza. Mas não. O que grita dentro de mim é a revolta de ver minha cidade coberta por nuvens negras vindas do Porto de Tubarão. Nuvens que poluem minha cidade e trazem em suas garras graves problemas de saúde à população. É o nosso “famoso” pó de minério, um pó preto que cobre os pisos, os móveis, as cortinas das nossas residências. Que as invade sem dó nem piedade. Que chega ao sopro do vento nordeste. Entra por portas, janelas, passa por entre frestas e causa danos irreparáveis a nossa saúde. Pobre coitado do nosso aparelho respiratório! Ele já não suporta mais tanto pó! Mas esse pó preto não é apenas sinônimo de luto. Ele também faz com que algumas pessoas fiquem cada vez mais ricas. E como ficam... Pessoas envolvidas no processo de camuflagem dessa devastadora poluição. Basta passar a mão sobre qualquer canto da casa e a mão fica negra do maldito pó. É um negro que nos remonta a triste morte e ao luto dos nossos corações face ao descaso de tantas “autoridades” envolvidas em altíssimos jogos de interesses. A imprensa fala superficialmente sobre o assunto. Ela tem nas EMPRESAS POLUIDORAS seus maiores anunciantes e precisa de anúncio para sobreviver. E então a quem recorrer? Ao bom Deus, incomodá-lo lá no céu? Creio ser a única alternativa que nos resta. Conversando casualmente com uma funcionária de determinada Secretaria (que deveria zelar pelo meio ambiente) disse-me ela que apenas em véspera de eleição é que o referido órgão “abre os olhos” numa campanha eleitoreira. De vez em quando, creio que quando o povo pressiona mais, durante o dia o pó é mais ou menos filtrado e a noite os filtros são desativados para que se dobre ou mais a produção. Mas daqui eu tudo observo. Nada me passa despercebido. E sofro na carne esse tormento. Falo como cidadã que paga seus impostos, que com seu voto ajudou a eleger esses dirigentes que fazem “vistas grossas.” Falo porque esta é a terra da qual tiro meu sustento e eu a respeito. Falo, sobretudo porque amo essa cidade, minha terra mãe, sempre tão calorosa e acolhedora! Vou gritar sim... E brigar pela minha querida Vitória e pelo seu povo que também é o meu. Ninguém mais agüenta respirar tanto minério de ferro. Afinal nosso pulmão não é contêiner para carregar tanto pó! O nosso grande cientista e ambientalista capixaba, meu conterrâneo teresense, conhecido internacionalmente, Augusto Ruschi, na época ainda do projeto para a construção deste Porto, foi totalmente contra a sua atual localização. Já previa todos os malefícios a que viria ocasionar a população de Vitória. Mas o jogo de interesses prevaleceu e o Porto nasceu no lugar errado. Já condenado por antecipação, pelo grande cientista. E no governo anterior foi duplicado. Virgem Maria, o que vai ser de nós!... Agora é limpar a casa no mínimo duas vezes por dia e carregar nos nossos pulmões, que todos juntos já devem valer alguns “trocados”, todo o minério de ferro que inspiramos em cada segundo das nossas cada vez mais curtas vidas. E conviver cordialmente com bronquites, rinites, sinusites e tantas outras “ites”. Hoje tenho a mais absoluta certeza de que os PODEROSOS não sentem com o coração e nem pensam com a cabeça. Pensam apenas com a conta bancária ou quem sabe com a BUNDA que se instala na poltrona do PODER e fica viciada e defeca sobre a cabeça do povo.

Carmen Vervloet
Vitória - ES

POEMA MUDO



Queria falar...
Mas eram tantas vozes,
gritos, discursos,
pregões, lamentos
que até meu anjo guardião
fechou os ouvidos...
E na solidão de meus versos,
na minha voz inaudível,
emudeci!...

Carmen Vervloet

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

CARIMBO



No jardim dos dias felizes
frente a frente questiono meu eu
num céu de lindos matizes
que a vida generosa me ofereceu.

Acredito plenamente na vida
porque nela cultivo amizades...
Goreti, Kinda, xarás, tantas queridas,
que resistem, viçosas, às adversidades.

Como convivo bem com meu eu
não conheço a sombra negra da solidão...
Na noite em que o momento se perdeu
o eu silencioso falou com o coração.

O amanhã renasceu luminoso
na crença por melhores dias
e no sopro da alma, afetuoso,
dei asas à solidão que quase me invadia.

A morte é apenas outro estágio da alma
no mistério que eu ainda não domino.
Assim cumpro minha evolução com calma
e as páginas da vida, uma a uma, carimbo e assino.

Carmen Vervloet

VIAGEM



Bato minhas asas de infinito
e vôo pelos céus da vida entregue ao meu sonhar...
Encontro o astro mais bonito,
o sol da alegria que inspira este enredo,
que é de amar...

Vôo entre aves brancas num céu de alegria
que Deus um dia fez todo pintado de raios de sol...
Colho versos de poesia
nesta liberdade que me faz valsar.
Jogo mágoas e ciúmes bem lá do alto
no gris do profundo mar.

Deixo enraizados nos filhos todos meus valores
que pintei em cores de exemplo e fé
e a pureza de um bucolismo
onde da terra brotava um rubi vermelho
chamado café.

Vôo liberta e generosa entre versos tantos
girando nesta valsa nos jardins dos céus...
Sigo sem destino semeando sonhos
qual inocente criança sobre nuvens fofas
fazendo escarcéu.

Canto uma canção de encanto,
atraio um amor perdido,
náufrago da desconfiança
que ficou sozinho no azul do mar...
À deriva num barquinho cinza, chamado solidão,
avariado nas ondas da insensatez
da sua paixão...

Vou lhe estender a mão e trazê-lo ao mundo
do respeito à individualidade...
De um amor profundo
que não vê maldade nesta liberdade
que é como luz que acende o coração.

E então nos céus da vida,
juntos, num amor intenso,
semearemos flores, simples margaridas
num carinho imenso, num amor de paz...
E seguiremos de mãos dadas entre as revoadas
de bandos de pássaros
valsando no ar, orquestrando o amar,
numa ternura doce que vem do coração.

Carmen Vervloet

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ROMÂNTICA




Na mente “flashes” dos bailes românticos de antigamente
onde as moças, qual plumas, giravam pelo salão
a alegria cabia apenas num sorriso e educadamente
no “grand finalle” o cavalheiro agradecia com um beijo na mão.

Os olhares se cruzavam perdidos em emoção
acendendo as fagulhas das asas do desejo
a orquestra tocava valsa, bolero, samba canção...
O contato sutil dos lábios num tímido beijo.

Uma palavra de amor segredada baixinho ao ouvido
o farfalhar das anáguas engomadas sob o vestido
lembranças que guardo eternamente comigo
cerradas num frasco de cristal de Dioríssimo antigo.

Carmen Vervloet

domingo, 2 de janeiro de 2011

A TERRA PROMETIDA



Há uma terra tão áspera
Onde a suavidade do olhar sofrido
Por vezes supera a cena cruel.
Meninos caminham com chinelos gastos
Meninas sonham vestidos sem remendos
E os versos que tento, quase molham o papel
Há uma terra quase esquecida do céu...

Declino com o sol, o coração dói...
Encontro no fundo de mim,
Reservas do tempo
Grito versos de dor
Na esperança de ser ouvida.
Aponto os injustiçados
Responsabilizo os conspiradores
Sonho crianças soletrando alegria
Olhos faiscando estrelas
Nas madrugadas frias...

Há um silêncio na terra que versejo
Sonhos riscados no chão batido
Um vão de olhos e mãos
Suplicando o direito à vida
E os versos choram,
Meninos e meninas sem horizontes
Perdidos no esquecimento das elites
O amanhã talvez seja igual ao ontem
Não há flores na cena
Tampouco há risos...

Os sonhos agonizam nos dedos
Que contam as horas...
A neblina dos meus olhos
Encobre o desenho que traço...
A poesia chora!

Mas quanta doçura nos gestos dessa gente
Que abrandam a cena pungente
Se há mãos vazias, há corações ávidos
Olhares que refletem
Uma fé sem igual...
Botões quase sem viço
Vertendo sangue em sua cor
Mas que não deixam de buscar o sol
Na terra prometida por Deus.

Sirlei Passolongo e Carmen Vervloet

ALGUÉM SABE A SENHA?




A honestidade dorme nas páginas do passado.
Busco novas senhas para o mundo atual...
A vida um tremendo carnaval,
baile à fantasia,
onde todos usam máscaras
para ocultar as verdadeiras caras
que já não encaram ninguém.
A ânsia do poder destituiu valores,
pendores de outrora!
Em cada nova aurora
que acorda o dia
surgem novas acrobacias
para esconder
as fraquezas do coração!
Intolerável corrupção
da maioria ou minoria?!
(o exemplo vem de cima
e isso desanima)
Busco a senha do perdão,
da fraternidade, do amor, da religião
mas ó cruel decepção!
Todas as senhas são rejeitadas...
A vida atual foi semeada
por falsos valores que se alastram
e matam a esperança
num futuro consciente onde o ideal
do bem comum deveria se fazer presente
mas o que fica aparente
é a ganância e a ambição.
Mas não desisto não.
Minha procura ficará sendo
o meu desejo, a minha fé,
minha inabalável esperança
e a palavra que fica nos versos.

Carmen Vervloet

sábado, 1 de janeiro de 2011

SOU ROSA, A RAINHA DAS FLORES



Enquanto a margarida é flor despetalada
com poucas folhas e miolo amarelinho,
sou rosa de pétalas encarnadas,
protejo-me com meus espinhos.

Sangro a mão que me maltrata
vestida em veludo ou cetim
sou de família aristocrata
insigne, decantada por poetas e afins.

Sou surda, silenciosa e bela...
Sou rainha dos jardins!
Artistas me pintam em aquarela,
desfolho-me só se o tempo exigir assim.

Minhas pétalas exalam doces aromas,
inebrio os corações sensíveis,
guardada em tantas redomas
enfeito salões, igrejas... arco-íris de matizes incríveis!

Todos me querem tão bem
embriagados com meu perfume,
sou soberana e não refém
transporto almas aos cumes.

E por ser forte, mas delicada
até o vento vai falando de mim...
Sou do amor uma aliada,
construo meu destino assim.

Carmen Vervloet