quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Acredite


O meu desejo, nas madrugadas, perambula
e nos confins caminha sem medo
procura a senha ou quiçá a mágica bula
dos meus sonhos traçados num bom enredo

São sonhos tantos, à felicidade, emparelhados,
são sonhos lindos elaborados com poesia
são sonhos simples pelo coração talhados,
são persistentes, tornaram-se minha mania.

E na certeza de efetivar sua realização
eu atrás deles corro muito todo dia
e esta crença dá vida à minha alegria.

E bem feliz, caminha meu coração
vendo vingar meus devaneios em desatino
aplaude sonhos que vão mudando meu destino.

Carmen Vervloet

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Distraído


Andou por terras férteis,
colheu, colheu, colheu,
mas esqueceu de adubar...

Navegou por rios caudalosos,
bebeu, bebeu, bebeu,
mas esqueceu de semear
ao redor da nascente...

Sentou-se à sombra
de uma frondosa árvore,
comeu seus frutos,
mas esqueceu de regá-la com amor...

Hoje o circunda um imenso deserto...
Nem sabe se ainda tem tempo
de fazer florescer o que
por falta de cuidado, deixou morrer.

Carmen Vervloet

domingo, 27 de novembro de 2011

Soneto da Chuva

Gotas escorrem na vidraça da janela
Outras se acumulam nela em relevo
Fica opaca minha translúcida tela
Já não vejo o que sempre vejo.

Meu céu azul hoje está chorando
Num beijo molhado toca a vidraça...
Do que será que está lembrando?
De como era linda a natureza casta?

Em dorido pranto revela sua dor
Gotas de desesperança absoluta
Fonte inesgotável de um intenso amor...

Do alto vê a terra muito destruída
Sempre atento na sua escuta
Faz em água a invocação à vida.

Carmen Vervloet

sábado, 26 de novembro de 2011

Borboleteando



Deixou o casulo,
secou as asas e voou
leve, livre e solta,
pousando de flor em flor...
Depois de um parto dorido
gestado em anos de dor.

Liberdade era tudo que queria,
sentir o prazer de um novo vôo
pousar onde a atraia a cor.

Borboletear... Nos teares do roseiral,
tecer um sonho bonito
nos fios do essencial.

O espírito até então enclausurado
tinha ânsia de bem querer,
o néctar da liberdade
queria em sofreguidão sorver

Pousar na pétala de felicidade macia,
realizar sonhos de sua autoria,
pousar num ninho sem correntes
onde apenas houvesse um beijo quente.

Carmen Vervloet

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Soneto do Amor-Perfeito



O ciúme e o amor desfeito
As lágrimas banhando a aurora
A descrença no amor perfeito
Os soluços despertando o agora.

O coração aberto em ferida
Sangra boas lembranças vividas
Guarda o plasma múltiplo da vida
Que a faz mãe generosa e querida.

No amor... perfeito só a flor
Que se abre colorindo a esperança
Exalando a essência pura do amor...

Amor perfeito matizes do meu sonho
Minha flor inspiração de criança
Aroma doce dos meus dias risonhos!

Carmen Vervloet

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sem Limites


O minuto que passa já faz mais velha a hora
E o tempo transpassa os anseios da alma
Na pele o sulco feito na quietude das desoras
Desassossega-me e me faz perder a calma.

Ontem eu tinha a benção da inocência
E meus sonhos voavam livres, sem laços...
Mas perdi, entre escalas, minha santa paciência
E nada mais me satisfaz nesse sufocante espaço.

Nem sei se o que desejo tem nome e é real
Busco algo maior, melhor, intenso, sensacional...
São emoções nunca por mim vividas
São desejos prementes desta alma incontida.

Quero agarrar o ilimitado entre as horas que se vão
Quero desprender, do corpo, correntes e laços
Não quero ver minha alma acorrentada por aço
Preciso voar... voar... tirar meus pés do chão!

Agarrar sensações totalmente desconhecidas
Talvez uma verdade inventada
Que pode até não me levar a nada
Mas que mobilize afeto e emoção
Mesmo que me arrisque à vertiginosa queda
E parta em pedaços meu coração!

Carmen Vervloet

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

E por que não?


Quem sabe, no condão do sonho,
na repetição e insistência dos nossos desejos,
galgaremos o trampolim das estrelas
e bentos nas fontes da fé,
penetraremos na face iluminada da lua
transporemos arco-íris de esperança,
onde só as aspirações mais secretas alcançam
transformando em realidade
o que o coração soprou,
a mente arquitetou,
e a alma acreditou...
Quem sabe!...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Movimentando o Essencial


Além do visível e do invisível,
além do que sente o coração,
vamos fazer o possível e o impossível,
nos empenhar com toda a devoção.

Movimentar o mais puro sentimento,
o que para a vida é mesmo essencial,
o amar conjugado em todos os tempos,
um amor bastante, inteiro, completo, cabal...

Um amor que é puro como diamante
um amor sem defeito feito cristal,
um amor brasileiro, estrangeiro, caminhante...
Um amor vivo, intenso, fúlgido, universal...

Carmen Vervloet

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Imagine


Imagine:
Um Brasil repleto de escolas,
o analfabetismo exterminado do país,
crianças saudáveis derramando saber das cacholas,
a educação mudando, da adversidade, o matiz.

Imagine:
Políticos dando sentido à sua eleição,
tecendo seus ideais por toda a nação,
elaborando, nas pranchetas do bem, seus projetos,
sendo do progresso os dignos arquitetos.

Imagine:
Um país em paz, sem violência,
todos transitando sem medo pelas ruas,
presídios onde se resgata criminosos com eficiência
uma nova oportunidade oferecida aquelas almas nuas.

Imagine:
Um país sem miséria, sem pobreza,
todos esperançosos mudando seus destinos
uma vida com dignidade, decência, nobreza
brasileiros, de pé, resgatando seu hino.

Se realmente tem força o pensamento
vamos imaginar em massa este renascimento...
O Brasil é nosso e cabe inteiro em cada coração,
o pensamento é nosso e quem sabe, pensando juntos,
seremos a força de mudança da nossa nação.
Imagine!...

Carmen Vervloet

Versos


Estes são versos simples...
Que afagam, cingem,
penetram, invadem,
fazem sorrir...
Versos que se fazem entender,
que entram, acariciam, ficam,
incorporam-se...
Dão asas aos sonhos
que voam no azul do infinito...
Carregam gotas de felicidade
que se expandem
na mente, na alma,
levam agradável calor
e despertam emoção...
São versos...
Apenas versos!
Simples versos
que perpetuam
palavras do coração...
São versos de amor!

Carmen Vervloet

sábado, 19 de novembro de 2011

Versos de Amor


Quisera conceber versos mágicos,
de asas leves e brancas,
que levassem bons presságios
aos corações...
Levassem e trouxessem
amor aos solitários
e deixassem um cheiro
de felicidade no ar...
Mas meus versos são de vento
e logo passam sem força,
sem audácia e se perdem
na vastidão do espaço
sem que ninguém os escute.
Meus versos são promessas
que o mundo sopra,
os corações vacilam
e nem percebem
a sua mensagem de amor.

Carmen Vervloet

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Cantiga de Ninar a Rosa


Dorme o dia nos braços da noite
Dorme a rosa no seu jardim
Dorme o pássaro no seu ninho
Dorme o sonho dentro de mim!

Fale baixo, pise leve
Para a rosa não acordar
O seu sono é tão breve
Cante uma canção de ninar!

Dorme, dorme rosa encarnada
No acalanto dessa canção
Dorme seu sono profundo
Perfume meu coração!

Brisa acaricia suas pétalas
Orvalho mata sua sede
Logo chega a alvorada
Velo seu sono da rede!

Dorme em paz juntinho a mim
Rosa pura do meu jardim
Dorme, dorme linda flor
No acalanto do meu amor!

Carmen Vervloet

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Rosa Azul


Rosa Azul

Quantas coisas me vêm à mente...
E de uma maneira mais veemente
A triste, a angustiante verdade...
Como é fácil fazer nascer...
Como é árduo fazer florescer
A rosa azul da amizade.

Será que ela não existe?
Será que a erva daninha sempre a sufoca?
Será que é rara nesse mundo triste?
Será que ninguém, com ela, mais se importa?

Mas ela é linda demais!
Não... Não... Morrer não pode jamais!
Através de séculos e séculos floriu...
À maldade dos homens corajosamente resistiu...
Será que hoje não gostam da sua cor?
Será por isso que destroem a flor?

Tenho vontade de me transformar em fada...
Penetrar dentro de cada coração
Transformar o egoísmo em nada...
Transformar em fraternidade a competição...

Realizar uma verdadeira metamorfose...
Modificar o ódio em amor...
Concretizar a sã gnose...
Do perdão, aumentar a dose...
Para que todos enxerguem a flor.

Colorir complexos com o vermelho da segurança...
Colorir frustrações com o verde da esperança...
Pincelar... Pincelar... Sobre o preto do ódio...
O branco da paz...
Apagar a falsidade que tanto mal faz!

E ver então florescer
A rosa azul da amizade
Desabrochando
Nas luzes do alvorecer!

Carmen Vervloet

Ciclos


Até quando terei esta alegria,
esta esperança,
esta vontade de ver
e admirar a beleza das flores
que desabrocham na primavera
e morrem, como sonhos,
quando chega o verão para renascerem
quando um outro setembro chegar?

Carmen Vervloet

Pensamento 26


Ao redor das flores da primavera voejam beija-flores que buscam o néctar,
mas também voejam marimbondos prontos a dar ferroadas.

Carmen Vervloet

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Homenagem a Carlos Drummond de Andrade - O Mágico das Palavras


O menino de Itabira,
filho de dona Julieta,
sonhos cor de safira
arrebatado tão jovem
ao encantado mundo das letras.

Entregou-se tão criança
à sedução das palavras
e entre rimas e versos
foi criando um particular
e rico universo.

Aos treze anos de idade
causando perplexidade
começou a realizar conferências
e na sua sapiência
foi criando seu estilo.

Desafiando as palavras,
aceitando seu combate,
do embate não guardando sigilo
fez-se escravo e general.

E neste mundo abissal
sangrou profundamente o vernáculo,
vencendo seus obstáculos,
antecipando o gozo,
guerreiro sem repouso,
deste seu deleite e tortura.

E assim foi descobrindo
das palavras o mistério,
o desdém, o anseio...
Colhendo-as de sua infinita lavra
com até exagerado critério.

Uma essência capitada
com sutil prazer e queixume.
Sua sensibilidade o lume
que o fez crescer... crescer... crescer...
E brilhar!... E pode crer...
Drummond tornou-se das letras referência
e da poesia excelência!

E eu pergunto:
E agora, Drummond?
Como encontrarei a palavra mágica,
a senha dos versos,
para declarar para todo o universo
como é grande minha admiração por você?

Carmen Vervloet