quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Canto de Esperança


De dentro do meu coração
bateu asas o passarinho,
fugiu do seu alçapão
foi em busca de outros ninhos.
Foi cantando liberdade
entre fogos de artifícios
estimulado pelas festividades
num momento de armistício...
Feliz Ano Novo! Feliz Ano Novo!
Cantavam todos em uníssono.
Os anjos sorriam do alto,
o luar prateava o asfalto,
o povo brindava a chegada,
celebrava o novo ano...
Pedia felicidade,
fazia planos e planos.
Pedia saúde, alegria,
dinheiro e paz, muita paz...
E da torre da fantasia
meu sonhador passarinho
vislumbrou o que importa:
O pão de cada dia,
o amor adubado na horta,
as ondas de boa energia
invadindo cada porta.
A paz rompendo as comportas...
Só então pousou nos fios da esperança
e cantou feliz, feliz!

Carmen Vervloet

Superação


A mágoa foi tanta
que a dor me deixou assim,
um nó na garganta
cinzas em torno de mim.
Mas a vida é alegre e bela
e num impulso
olho a paisagem da janela.
A vista tem
uma paisagem quase humana
e o meu coração não se engana
as cinzas adubaram meu jardim...
As lágrimas, que a tristeza
arrancou de mim
hoje são gotas de orvalho
nas pétalas da rosa carmim!

Carmen Vervloet

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

(Re)canto do Tempo


Um teto de estrelas prateadas,
olhos passeando na noite enluarada,
as almas calmas e silentes
em êxtase sob as árvores confidentes.

Quanta paz neste intocado lugar!
Os sonhos se alternando em sossego
buscando o calor, o aconchego
deste céu que é o nosso lar.

Os gerânios balançando na janela,
a romã que o sol envernizou,
um jantar romântico à luz de velas,
nos lábios o gosto que um beijo deixou.

Foi neste recanto que o tempo parou...
Entre rosas, orquídeas e hortênsias,
foi aqui que nosso sonho se materializou
e a poesia brotou com eloqüência.

Mas, quem ainda acredita em poetas,
num fogo que palpita nas horas quietas,
num leito de rendas e cetins,
num beijo com gosto de alecrim?

E no outono que a nós ainda seduz
o amor maduro que mais e mais reluz
na estação do tempo cadenciado e lento
nos corações aquecidos neste (Re)canto do Tempo.

Carmen Vervloet

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nosso Tempo


Eu vi o homem tomado por ganância,
eu vi a floresta tremendo
e árvores tombando ao chão.

Eu vi a água secando,
os pássaros tristonhos migrando,
sabiás externando a dor na canção.

Eu vi o verde se apagando,
a seiva escorrendo do cerne,
e o pranto do bom coração.

Eu vi palácios, luxos, faustos,
sustentados por crimes ambientais,
e a terra agonizando em profunda lesão.

Eu vi a formação do deserto
e presenciei incrédulo o início
deste futuro tenebroso e incerto.

Eu vi a tragédia, a fúria, a sanha,
a natureza revoltada
revidando à sua devastação...

Eu vi o corpo sem vida
do homem vestido de ouro
e a vida nua, sem opção.

Carmen Vervloet

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sempre uma nova Esperança


Desperto com o coral da passarada,
no céu o sol desponta radiante,
a esperança renovada em cada alvorada
me faz seguir em frente mais confiante.

A energia refugiada na noite volta restabelecida
e junto aquela vontade imensa de construir...
Empurra-me para novas investidas,
sonhos dourados que me fazem seguir.

A fé preservada no coração,
a palavra de Deus apontando a direção...
Um vasto horizonte a ser descoberto
nos lampejos do espírito atento e aberto.

Carmen Vervloet

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Coisas do Cotidiano


O pão quentinho sobre a mesa,
o bolo de laranja exalando um cheiro de infância,
a mesa posta despertando novas certezas,
alimentando a fé que a vida tentou levar com redundância.

Em cada gole de café que sorvo com prazer
um gosto de bem-querer por viver...
Açúcar que adoça o dia que se inicia
colocando minha mente em estado de euforia.

O espírito aberto em alerta,
dentro deste meu reino encantado,
ao redor a família que me completa,
no peito o coração feliz que bate acelerado.

São nestas pequenas coisas do cotidiano
que encontro minha imensa felicidade,
escudo que me protege de cruéis enganos,
milagre que ocorre com a maturidade.

Carmen Vervloet

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Poetas sobre Trilhos

Piuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...
A locomotiva
desloca a comitiva
pra um mundo surreal...
Poetas se encontram,
espírito uno,
um mesmo ideal.
Poesia rolando trilhos,
prateando com seu brilho
estação do coração.
O trem da alegria,
energia da poesia,
fumaça arco-íres
num céu de rapel!...
Versos sabor mel
lambuzam
a seda branca
da folha de papel!
O apito do trem,
ritmo vai e vem,
inspiração além...
Nuvem carneirinho,
mar azul marinho,
janela paisagem,
encantos da viagem,
verde do indaiá...
Canto do sabiá,
passeio instigante,
desembarque fascinante,
poesia coroada
nos raios da alvorada,
champanhe na taça,
alma alimentada
vagando ensimesmada
sobre a tarde aprazível que passa.

Carmen Vervloet

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Mesa


Redonda, quadrada, retangular,
não importa...
Tu és convite permanente,
crias o propício ambiente
para as reuniões mais diferentes!
Encontros da família no dia a dia,
momentos de inesquecível alegria,
nas refeições diárias,
espaço de doces iguarias
que penetram eternamente no coração
guardadas com carinho e afeição!
Prazerosos momentos...
Aniversários, casamentos,
reuniões de trabalho,
altas negociações,
justas e injustas decisões!
Atestado de óbito, nascimento,
divórcios, afastamentos...
Tudo sobre seu frio tampo se decide
de boa ou ma fé,
em palácios ou casas de sapé!
Tens participação
em qualquer resolução!
Tu és também convite à traição,
pés se tocando, furtivamente, em desejo
instigando um clandestino beijo!
Mesa de alegrias ou tristezas,
mesa de grandes surpresas
onde se alimenta o corpo e a alma,
mas também
onde vorazes devoram sem dó
e sem calma!

Carmen Vervloet

Natureza


A natureza é pródiga e carinhosa, mas quando não respeitada, reage com sua força avassaladora.

Carmen Vervloet