quinta-feira, 30 de junho de 2011
ABSTRAÇÃO
Todos vêem o lado feio da vida
mas nem sempre lhe prestam atenção...
Se não podem lhe oferecer a devida acolhida
por que então ferir o frágil coração?
Egoísmo, displicência ou abstração?
Um pobre mendigando na calçada,
uma criança faminta estendendo a mão...
A vida distribuindo bofetadas
e os transeuntes escolhendo sua visão.
Um bom filme ou quem sabe uma balada,
algo que possa lhes dar satisfação...
Ninguém se atreve a decifrar essa charada
almas anestesiadas na rotina da visão!
Para este quadro costumeiro não há trato,
não há tinta que tinja este negro chão,
não há fotógrafo que mude a feição deste retrato,
não há vontade política que mude a situação!
E assim fugindo da dura realidade,
cada qual fazendo sua abstração,
vamos seguindo pelas ruas da cidade
o amor encarcerado a sete chaves no coração!
Carmen Vervloet
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