Molhada em lágrimas subiu o
morro,
olhou o céu, contou as estrelas,
não se atreveu a pedir socorro,
escondeu as mazelas, tentou esquecê-las!
Guardou sua fome em segredo,
descansou sob um florido arvoredo
estonteada qual louco bêbado
vomitou na terra a bílis do medo!
Saiu em busca de alimento para a
cria,
estendeu a mão implorando esmola,
seu corpo fraco por migalhas vendia...
Sofria tal qual tangida viola!
Salvar seus filhos, o desejo
ardente,
colheu migalhas na tosca sacola,
e alimentou a cria pálida e doente,
maltrapilha, faminta e sem escola!
Entregou pra Deus sua sofrida
sina
e tombou ao som de triste toada,
deixando a cria desamparada...
Seu nome apenas Maria de tal,
sem CPF e desempregada,
negou-lhe a vida o fundamental!...
Carmen Vervloet
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