Passa nuvem, estrela amarela,
passa a lua na minha janela,
passam barcos nesta tela,
paisagem em aquarela...
Passa gente deprimida
e gente alegre também,
no vai e vem da vida
vou contando até cem.
Passa soprando o vento,
um lamento em canção,
passa correndo o tempo
sem nem me prestar atenção.
Passam anjos, passam demônios,
Passam lágrimas, passam risos,
Passam Marias e Antônios,
Passam humildes e narcisos.
Passa a música da cervejaria,
passam as vozes na calçada,
passam acordes de alegria,
passam as almas penadas.
E o meu olhar, pela noite
enigmática e longa, navega,
grava em minh ’ alma os açoites
que o mistério da noite carrega.
Carmen Vervloet
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