Minhas células, boas
e amáveis hospedeiras
Acolhem sem reservas
pequeninos vírus gripais
Despida da minha
força e coragem costumeira
Contemplo meu corpo
débil envolvido por ais.
Templo vazio da sua
rotineira e própria vontade
Jogado febril sobre
lençóis de fios de algodão
Envolve-se na sua
óbvia fragilidade
Esquecido de seus
desejos de ação.
O corpo, roupagem da alma que o habita
Sucumbido qual
efêmera flor num jardim
Chora sua debilidade,
qual cordas de bandolim
Não há bálsamo que
cure a dor que no âmago transita
Diante da verdade
incontestável desta revelação
Transformo esta gripe em modesta inspiração.
Carmen Vervloet
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