quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Homenagem ao meu Pai



PAI

Quando a saudade aperta
Procuro-te
Em cada elemento da natureza
Que com maestria me ensinaste a amar.
Vejo neles a tua delicadeza
Teu imenso coração desenhado no ar.
Se eu procuro tua suavidade, busco-te na lua
Que do céu me sorri tão tua
E ainda encontro seu anil olhar
Sempre a me falar!
Seu cheiro encontro num botão a desabrochar,
Na terra molhada, pronta para arar.
A tua paixão pela ópera
Encontro no cantar do curió,
Dos pássaros, teu maior xodó,
Que trinava tua canção,
Ao nascer do dia, com exatidão.
Vejo tua alma entre as verdes matas
Que preservava com imensa devoção.
Nas orquídeas encontro a beleza
Do teu coração, pelas flores a tua afeição.
Na estrelinha perdida no céu
Encontro a tua admiração pelo belo,
Pelo puro, pelo singelo!
No rochedo encontro a tua determinação,
A tua força e a tua proteção!
No sol encontro o teu brilho e teu calor
E a imensidão do teu amor!
No espelho das águas
Encontro a tua face
Num entrelace de carinhos e afetos
Neste vínculo secreto
Que persiste entre nós
E jamais se dissolverá!
Porque pai, tu deixaste como herança,
Não a tua abastança,
Mas toda uma vida pautada
Na retidão de caráter, na honestidade,
Na simplicidade e sensibilidade.
Tatuaste todo o conjunto de teus traços
Na alma de tuas filhas
Que sobrevivem nesta ilha
Com o coração pleno de amor!
E se a vida é cheia de percalços
Guiadas por ti, nosso herói digno de fé
Passamos por eles descalços
Mesmo com bolhas nos pés,
Buscando sempre a sombra das árvores
As margens do rio,
O cair da tarde
E se o caminho é deserto
Você sempre está por perto
Num jardim de lembranças
Amenizando nosso sofrimento!
Pai, tu deixaste um belo exemplo
Seus mais nobres sentimentos
Que cultivamos num sólido templo!

Carmen Vervloet
Vitória, O7/08/2008