domingo, 31 de julho de 2011

QUATRO ESTAÇÕES


Se me ponho a pensar no meu passado,
em que sonhei, vivi dias felizes,
quando o coração pulsava acordado,
sem compromissos, saudades e cicatrizes...

Quando minha vida era apenas primavera,
minha alegria, volteios de uma valsa...
Meus pensamentos grudavam-se feito hera
nos troncos livres de uma leve balsa.

Meus olhos quais sóis gêmeos de verão
brilhavam tanto... que chegavam ofuscar...
E mil carinhos saiam das minhas mãos
No sonho cândido de com a felicidade morar...

Mas veio o outono e derrubou as flores
e minhas pétalas caíram descoradas,
o frio inverno congelou as suas cores
e os meus sonhos se derreteram na calçada.

E pensativa fico a olhar o vago
com o olhar perdido no infinito do sem fim
buscando pedaços da balsa que naufragou no lago
 das lágrimas que chorei e ninguém viu cair de mim...

Carmen Vervloet

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Série Sete Pecados Capitais: PREGUIÇA


Lago que descansa tranquilo...
E não se importa com nada a sua volta
O ócio o eterno companheiro e asilo
Um peixe que lhe chega á mão...
E o resto não importa.

O trabalho seu maior inimigo
Para ele sempre tem tranca na porta!

Carmen Vervloet

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Série Sete Pecados Capitais: ORGULHO


Poço de vaidade sem fim...
Fruto que alimenta o ego prepotente.
Corrente que isola o eu no seu próprio camarim
e que envolve em empáfia o ambiente!

Pavão que infla o eu em arrogância sem fim...
E deixa o coração doente...

Carmen Vervloet

Série Sete Pecados Capitais: LUXÚRIA


Entre gemidos e cicios faz o seu ambiente.
Na sua impulsividade desenfreada
une-se a lascívia seu mais próximo parente
e sobre lençóis de cetim joga-se a descarada!

No seu comportamento sem moral e libertino
não respeita nem damas, nem virgens...
Na sua sofreguidão comete desatinos!

Série Sete Pecados Capitais: IRA



Trovão que ressoa, assusta
e ameaça delicados sentimentos...
Leva a contendas injustas
e provoca profundos ressentimentos.

Instiga conflitos irreversíveis,
devasta lírios da paz tão sensíveis!

Carmen Vervloet

Série Sete Pecados Capitais: GULA


Olho maior que a barriga...
Comida que jamais sacia...
Obesidade a maior inimiga,
não sucumbe frente a rezas nem bruxarias

Numa mesa tudo é pouco...
Devora com apetite louco,
sem vergonha ou diplomacia
do boi à melancia!

Carmen Vervloet

terça-feira, 19 de julho de 2011

Série Sete Pecados Capitais: INVEJA


Mar, por frustração, revolto...
Ciclone que destrói o bem...
Mediocridade seu maior desgosto.
Não para... Vai sempre além...
Tsunami onde se misturam cobiça e desejo
que arruína, mata, devasta...
E se perde em seu adejo,
suicida-se na sua própria bravata!

Carmen Vervloet

Série Sete Pecados Capitais: AVAREZA


Quem, os bens materiais, guarda no cofre
e o fecha a sete chaves em segredo,
e em cupidez cultiva mesquinharia no seu alfobre
esquece o amanhã sem nenhum medo...

Já velho... No seu palácio, solitário e doente,
entre sedas, jóias e moedas de ouro
terá perdido seu maior tesouro,
um amigo que lhe ofereça um chá quente.

Carmen Vervloet

segunda-feira, 18 de julho de 2011

THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO - O ASSÍRIO

THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO - INTERNO E SALA DE ESPETÁCULOS

THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO - ANIVERSÁRIO E HOMENAGEM - INTRODUÇ...



Parabéns, Carmen Cecília! Magnífico vídeo!

VÍDEO POEMAS COLETANEA DESAFIO POÉTICO COMUNIDADE QUASE POESIA



Poesias de Basilina Pereira, Carmen Vervloet, Marcia Tigani, Carmen Cecília, Gladis Deble

A AGONIA DA NATUREZA (Poema Infantil)


Lá atrás daquele monte
tinha um pé de jabuticaba,
água brotando da fonte,
criança pescando piaba.

Mas um homem indelicado
cortou a mata que existia...
A fonte soltou um brado
enquanto a água morria.

Lá atrás daquele morro
hoje já não tem mais vida
só terra pedindo socorro
e o triste adeus da partida.

Carmen Vervloet

domingo, 17 de julho de 2011

MÃE TERRA


Chora o céu, se esconde o sol,
o arco íris desata as sete cores...
Na constelação de Perseu
brilha a estrela algol,
nos jardins empalidecem as flores

Mãe terra agredida pela poluição,
ferida com as garras da destruição...
Choram os homens de bom senso,
aglutina-se o ar impuro e denso!

As motosserras cantam em festa...
As florestas mutiladas por desalmados,
O cinza cobre o verde que resta,
só chove prata, cobre e ouro...

A terra grita por socorro.
Acudo, peço ajuda, corro...
Mas a ganância é traiçoeira,
vai roendo pelas beiras!

É a agonia da morte...
Pássaros voam sem norte,
sem égide, sem aporte,
tristes com sua sorte...

Cidades, por lixo, invadidas...
Morrem os rios fontes da vida!
Barco fantasma esperando...
A esperança solitária embarcando.

Carmen Vervloet

ARRE MORTE!


ARRE MORTE!

A morte em longas vestes negras,
nariz afilado,
garras afiadas, foice na mão
bate à nossa frágil porta
sem chave, sem tranca, sem escoras...
Diz que é chegada a hora...
E nem se importa
se ainda nos sentimos crianças...
Nem se nossa amiga esperança
empresta-nos forças para enfrentá-la.
Destina-nos um túmulo hostil
um lugar tão frio,
um espaço escuro e vazio
coberto por granito polido
que esconde o anil escorrido do céu!
Asfixia-nos com seu negro véu...
Gatos pretos rondam nossa sorte,
lobos prevêem nossa morte e
soltam uivos que arrepiam na escuridão!
Bate acelerado nosso coração!
Momento de medo e solidão!

Arre morte!...
Bata em outra porta,
não injete seu veneno
em minha aorta
não quero ir, não posso partir...
Cumpro ainda minha missão.
Tenho que fiar poesias...
Tecer versos de alegria,
semear sentimentos em profusão
sobre a gleba deste nosso mundo
às vezes cordeiro outras vezes cão.

Carmen Vervloet

sexta-feira, 15 de julho de 2011

VERSOS TINGIDOS


Se em versos me faço poesia
e derramo meu sentimento
e douro o sol em alegria
e salgo o mar em sofrimento...

Não finjo tão completamente...
Quem revela o que sinto é a emoção
que tinge o papel simplesmente
com o suco do coração...

Nuances em fortes cores
de infindas alegrias e dores,
um vulcão sempre em erupção...

Lavas que se solidificam no papel,
que se confundem no vai e vem do pincel
e aliviam esse meu louco coração!

Carmen Vervloet

quinta-feira, 14 de julho de 2011

CONTEMPLAÇÃO


Busco na memória
momentos de alegria
que se liquefazem
em gotas cristalinas
que desfio feito rosário...
Na sequência das contas
esqueço os cacos pontiagudos
que ferem e sangram meu coração.
A alma, sorrindo, se aquieta!

Carmen Vervloet

Canto na Tarde Branda


Sobre o galho florido da acácia
entre flores tingidas de cor-de-rosa
meu canário solta a voz com eficácia
numa canção insistente, até teimosa.

Ao redor o povo enternecido
ouvindo o canto que do alto se evola
esquece mágoas e no canto absorvido
tange a alegria nas cordas da viola.

A música toma conta de toda gente,
o som penetra no imo da tarde branda
meu coração só fala do que mais sente
na cadência indolente da rede da varanda.

Carmen Vervloet

quarta-feira, 13 de julho de 2011

DESABROCHANDO


Desato a fita azul que prende
a caixa das minhas lembranças...
Numa vibração ligeira
voam os bons momentos
qual pássaros livres
entre nuvens de gorgorão e tafetá
e pousam sobre meu roseiral em flor...
Cada boa lembrança
exala um perfume inexplicável!
Desabrocho em alegria
e enfeito meu jardim...

Carmen Vervloet

terça-feira, 12 de julho de 2011

ANTÍDOTO


O amor é sentimento que deve
ser usado com exagero.
A sua escassez pode
ferir corações
levando-os à morte lenta,
onde o vazio pode ser
veneno letal.

Carmen Vervloet

ALMA INSISTENTE


Declina meu corpo,
declina minha mente,
declinam meus sentidos...

Sou flor que murcha
machucada pelo tempo implacável
que a ninguém perdoa.

Guardo comigo o perfume da minh’alma
que insiste em se expandir
porque sabe que é eterna.

Por ser partícula do Deus Criador
peregrinará por intermináveis caminhos,
hoje e além da morte em busca da perfeição...

Carmen Vervloet

segunda-feira, 11 de julho de 2011

SÓ QUERO...


Só quero da vida
um recanto tranquilo,
no seu colo um cochilo,
uma casa pequenina,
paz de menina,
o verde da mata,
o véu da cascata,
um jardim com flores
nuances de cores,
sabiá cantando,
um violão solando,
sua presença querida,
(grande amor da minha vida)
a poesia nascendo
nesta singela alquimia,
nossas almas juntas
vibrando em polifonia,
tal orquestra de sentimentos,
num recanto de amor.

Carmen Vervloet

sábado, 2 de julho de 2011

OUTRAS ANDANÇAS


Chega entre luas de sutilezas,
de sonhos que diz desbravados...
Não posso confiar em tantas certezas
se já me fez sofrer, lá no passado.

Meu coração através de seu para-sol rendado
enxerga dias que adormeceram nublados...
A lua refletida num mar escuro, arqueado,
no barco de um amor que naufragou encalhado.

Como acolher pés que me pisaram
e o silêncio que foi o grito da sua intolerância
se tantos sonhos se desfolharam
na suposição da poesia, no respirar da dissonância?

Versos não iludem mais esse sofrido coração...
O silêncio sempre foi a arma mais ferina.
Não navego mais num mar de ilusão,
navego por outros mares em busca de outra sina.

Carmen Vervloet

sexta-feira, 1 de julho de 2011

FOLHAS DE OUTONO



Você chegou e me trouxe compreensão
em poucas horas de convivência
desfez um ponto negro no meu coração...
Retomei minha perdida consciência,
emergi de profundo oceano
de um passado de prantos, dores e desenganos.

Salva e liberta caí em seus braços
despreocupada e envolta na minha própria luz
cingida pelo seu forte, mas terno abraço
entregue ao amor que à felicidade conduz
tocando os limites extremos da existência
entregando-me à vida em completa anuência.

Nossas almas arrebatadas por intensas emoções
desprovidas de medos e inseguranças
sem buscar explicações, motivos, nem razões
deixando no passado as tristes lembranças
experimentando uma liberdade e paz tão profunda
que já nem importa se nesta outonal viagem
viajamos de primeira classe ou de segunda.

No renovar da estação o que a nós importa
é que destranquemos todas as portas
para que possamos viver este pleno amor
e que cuidemos dele com a mesma delicadeza
como quem cuida da mais tenra e perfumada flor
sem a preocupação de buscar fertilidade ou segurança
vivendo impulsionados pela emoção feito crianças.

Carmen Vervloet