sexta-feira, 30 de março de 2012

Perfil


Andorinha em busca do eterno verão...
Pela vida uma grande paixão,
Leoa que defende a cria
Com garra e determinação.
Maior mania, a poesia...
Versos que jorram do coração,
Colhendo em qualquer tema a inspiração...
Na mala sempre a bagagem,
A busca de novas paisagens
Que renovem a emoção...
O sonho sempre presente
Qual água de nascente
Alimentando a vida,
Cicatrizando feridas...
A busca incessante do Supremo amor,
Vida cheia de cor,
Pensamentos coloridos...
Jardim sempre florido,
Um canteiro, de amigos,
Regado com devoção...
A mãe, a rainha das flores
Os filhos, três pés de amor perfeito,
Caráter sugado do peito...
O pai, a semente que ficou...
Exemplo em que me espelho...
Sol que gerou a energia
Que me fez perceber a poesia,
Na vida, no próximo, na flor...
Meu eterno exemplo de amor!
Meu lema, fazer dos obstáculos
O sustentáculo para a sabedoria,
Do sofrimento, a base para a alegria
Dos meus pecados, a escora
Do meu ser incompleto
Em busca da perfeição
Deste meu imperfeito coração!

Carmen Vervloet

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ecologia: Frase 1


Só polui os rios quem está seco de amor.

Carmen Vervloet

terça-feira, 27 de março de 2012

Epitáfio


Aqui jaz a alegria
que moveu meus dias,
iluminou meus olhos,
abriu meu sorriso.

Mágica energia
que fez pulsar
em felicidade
meu coração.

Flor que enfeitou a vida
afogada nas águas
das minhas lágrimas .

Carmen Vervloet

segunda-feira, 26 de março de 2012

Por Amor... Adote Um Cão


Deus na sua divina criação
Incluiu também o cão...
Não me despreze, irmão!

Se não sou bem comportado
É por puro resultado
Da sua triste omissão!

Vagueio pelas ruas sem destino
Minha tristeza eu não domino
Sinto a fome e a rejeição!

Mas adotado com carinho
Sua preocupação eu adivinho,
Dou-lhe amor e atenção!

Sou dócil e obediente
Sou fiel e inteligente
Crio laços de grande afeição!

Tenho apreço por meu dono
Velo até seu leve sono...
Pressinto sua aflição!

Sou ótima companhia
Respeito suas manias
E por tudo isso eu lhe peço,
Por favor... adote um cão!

Carmen Vervloet

segunda-feira, 19 de março de 2012

Nas Nossas Mãos


Se não sou cega, nem surda
e inquiro tudo que está à minha volta
também não posso ser muda
e guardar em silêncio minha revolta.

Preciso gritar a dor que me sufoca
e não me deixa ser totalmente feliz
cutucar com poesia os monstros que dominam da toca
e ferem a ferro e fogo deixando profunda cicatriz.

Meu coração sangra vendo crianças esmolando,
mãos estendidas nos semáforos das avenidas
e os monstros nosso dinheiro esbanjando
deixando ao descaso tantas e tantas vidas.

São botões de primavera que fenecem no alvorecer,
que perdem a cor antes mesmo que a flor se abra...
São tantos talentos que ao país poderiam enobrecer
perdidos, nos torpes vícios, nas ruas e nas calçadas.

Se o amor destes governantes é pouco ou insuficiente
e não vê a precariedade de tanta gente
o povo precisa ser mais astuto e inteligente
e escolher com critério outros mais sensíveis, urgente!

Carmen Vervloet

quarta-feira, 14 de março de 2012

Tempo de Delicadezas


Se eu pudesse
apaziguaria a Mãe Terra...
Com minha mão carinhosa
estancaria a gana de quem ferra,
de quem sangra a vida preciosa,
de quem destrói sem perceber que erra.

Se eu pudesse
encheria as cidades de árvores,
faria das ruas jardins,
humanizaria estas selvas de concreto e aço
traria de volta as cirandas às praças
ao som de flautas e bandolins..

Se eu pudesse
mudaria nosso destino
refugiando todos no amor,
sem fome, sem águas poluídas,
sem dióxido de carbono, sem pavor...
Redesenharia tudo com imenso ardor.

O coração carece por delicadezas,
é hora de repensar...
Amar não é vergonha,
gentileza a maior inspiração,
covarde é quem não consegue o amor ofertar...

Carmen Vervloet.

O Poeta e a Criação


Poeta...
Ser inquieto,
alma alada,
meio louco,
voa nos seus
devaneios
pelos mundos
subjetivos.
Voa... voa... voa...
E tão somente
pousa quando
a emoção lhe
aponta o lugar.
Então com seu
voraz olhar
busca alimento
para matar
sua fome
de poesia.
E zás...
O clímax!...
Orgasmo
onde ejacula
o sêmen da
criação.

Carmen Vervloet

segunda-feira, 12 de março de 2012

Páginas em Branco


A cada dia nasce um sol no firmamento
e o meu caderno continua incompleto
e eu vagando entre as nuvens e o vento
desenho vida nas letras do alfabeto.

Junto pedaços perdidos em algum momento,
colho lembranças esquecidas em algum lugar,
a minha vida... é onda em movimento
que vem e vai à praia do meu mar.

É onda forte que arrebenta em sentimento,
que tinge em versos a voz do coração...
Viola triste que chora o sofrimento,
guitarra alegre que entoa a emoção.

E assim com tanto ainda por fazer
eu peço a Deus sua divina proteção,
vejo meus dias em lírios brancos florescer
nesta jornada que é um palco em confusão.

Ainda há muito que florir neste jardim,
são tantos sonhos desenhados em poesia,
é primavera que sorri dentro de mim,
é corpo e alma em perfeita sinergia.

Carmen Vervloet

sexta-feira, 9 de março de 2012

Delícias da Nona

(Para minha querida avó MARIA TAMANINI PRETTI)

Ah! Que saudades do casarão da esquina
onde eu, feliz menina,
passei inesquecíveis momentos da infância,
gotas de saudades cristalizadas
num relicário, guardadas.

O cheiro da cozinha da vovó
entranhado para sempre em minha vida,
suas deliciosas comidas
feitas no fogão a lenha,
resenha da minha meninice
escrita em açúcar e meiguice.

A polenta cheirosa e fresquinha
que se cortava com linha,
disputada por tantas bocas,
tostada na chapa do fogão,
o amor que aquecia o casarão...
Nos gestos indulgentes
que saiam das mãos diligentes
da querida nona Maria
na romaria de netos
gulosos e inquietos!

Nos olhos a cobiça por tantas delícias!
O doce de carambola feito em cinco dias
uma verdadeira alquimia,
segredos da nona Maria!
Ah! Que tortura nesta espera,
o cheiro espalhando-se na atmosfera...
O doce ia ficando pretinho, pretinho...
parecia ameixa...
Sabor que não me deixa
cravado na lembrança
desta gulosa e feliz criança!

O guarda comida cheio de pão fofinho
que se comia ainda quentinho,
com café do bule azul,
o fraquinho, das crianças,
cheiro inesquecível de avó
ralhadora, mas de uma bondade só!
Nas compoteiras coloridas
delícias jamais esquecidas
os doces mais variados
junto ao pote de melado.
Ninguém podia tocar,
era um doce castigo
boca salivando, olhos de desejo...
Aguardando vovó autorizar.

Vovó era tão doce, quanto os doces que fazia!
Era magra, esguia, pouco comia,
seu prazer era oferecer seus quitutes,
seus vinhos, licores e chucrutes!
Nossa inesquecível nona Maria,
guerreira, sábia, bondosa,
sempre cheirando a rosa
que cultivava com amor no seu jardim,
junto ao pé de alecrim.

Como num filme
as cenas vão passando diante de meus olhos,
uma a uma, nítidas, coloridas
trazendo um sabor de saudade à minha vida...
Cenas onde fui protagonista
no seio de uma família feliz,
minha origem, tronco e raiz.

Carmen Vervloet

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher


Mulher...
Mão que segura... Guia...
Desata os nós...
Arranca espinhos...
Borda carinhos...
Branco lençol de linho
Que envolve e agasalha...
Prateada noite de luar...
Areia macia... Lânguido acordar!...

Mulher...
Ventre que abriga...
Protege e guarda...
Colo para toda vida...
Eterno tempo...
(Pré)ssentimento...
Momento consagrado,
Em luz, disfarçado!...

Mulher...
Árvore frondosa...
Forte... Mas generosa
Raiz profunda...
Fruto que alimenta...
Esteio da vida...
Não foge à lida...
Nem o sonho invalida!...

Mulher...
Enfrenta a luta...
E na sua diária labuta
Não perde a suavidade...
O mel da sua doce vontade
De fazer feliz...
De ser feliz!...

Mulher...
Entrelaces de doçura e bravura...
Que costura a vida com paixão...
Mesmo que o mundo seja cão
Que morde a esperança...
Seu puro sorriso de criança
Anestesia a dor...
Aviva da alegria, a cor...
E neutraliza a tristeza
Que quer brotar...
E logo murcha como flor...
Pétalas levadas pelo vento...
Perdidas no infinito tempo...
Sem ferir o amor!...

Mulher...
Que fecunda a semente...
Parteja a vida como nascente...
Água pura... Cristalina...
Que verte de seus olhos videntes...
Lavando tortuosos caminhos
Onde trava lutas... Constrói ninhos...
E entalha a sua marca
De guerreira da paz!

Carmen Vervloet

De Mulher Para Mulher

Tu és amiga... Companheira...
No mar bravio da vida, marinheira
destemida a navegar
sobre as ondas oscilantes deste mar...

Comandas teu frágil barquinho...
Vais vencendo de mansinho
as turbulentas águas da lida,
onde fostes inserida pela vida...

Corpo delicado... Mão forte...
Indicas o rumo... Mudas a sorte...
Nesta tua tripla jornada
de provedora, mãe, mulher
que tão bem sabe o que quer!...

Acordas quando a lua adormece...
Dormes quando o tempo acontece...
Sem hora... Sem previsão...
Quando deixam de solicitar tua atenção!...

Nem sempre compreendida, valorizada,
carregas dentro de ti guardada
a tua inquestionável intuição...
Seta que te dá a direção!...

Da vida, em torno de ti girando,
tudo esperas...
Como uma pequena esfera
envolves o mundo
com teu amor profundo!...

Semeias a paz... Sábia e audaz...
Com teu jeito eficaz
deixas brotar a emoção
que sai do teu terno coração!...

Mulher... tu és o amor-perfeito...
Sem medos ou preconceitos
deste multicolorido jardim
de amor sem fim!...

E mereces de mim
esta homenagem
de mulher para mulher...
Por ser mulher
e entender tão bem
tudo o que desejas
e realizas na vida
com tenacidade e fé!

Carmen Vervloet

sábado, 3 de março de 2012

Canção para um Rio Morto

(Rio Jucu)

Era um rio feito tempo
que seguia em frente caudaloso,
corria límpido ao relento
ofertando suas águas, carinhoso.

Era um rio feito sonho
que caminhava tranquilo pro mar,
enflorando o manacá tristonho
que enchia de perfume o ar.

Era um rio feito canção
que soltava a voz no caminho
cumprindo sua vocação
de rei, anjo e adivinho.

Era um rio feito amor
que abraçava tudo que via,
Matava a sede da flor,
abençoando por onde escorria.

Era um rio feito vida
perpassando a agulheta dos afluentes,
deixando a paisagem colorida
cantando no embalo das vertentes.

Era um rio feito semideus
desabrochando a vida na terra,
hoje uma saudade, um adeus...
Sem água a vida se encerra.

Carmen Vervloet

sexta-feira, 2 de março de 2012

Novo Amanhã


O ouro, da aurora, tão puro
surgindo no espaço sideral
derrete um sentimento tão denso e duro
neste meu pranto torrencial.

Minha alma sombria sepulta tédio mortal
nas reticências de um lamento,
qual pássaro que emudeceu no beiral...
O sol põe um ponto final neste tormento

Meu eu profeta surge no compasso do verso
e cerca-se de ondas de inspiração,
capta os sinais sutis do universo
com os olhos videntes do coração

Encontra prenúncios de um novo destino
pintados em sonhos cor de rosa...
E neste meu desvelo repentino
desabrocho qual delicada rosa.

E flor... espalho meu perfume
nas sombras móveis do jardim
fazendo da minha alegria um lume
nas nuances de minhas pétalas carmins.

Carmen Vervloet

Alegria do Recomeço


Acalme o coração aí no seu peito,
quando brota o ciúme não tem mais jeito,
o amor adoeceu,
o sonho precocemente morreu.

Faça como o pássaro preso na gaiola
que tem saudade do céu e já não chora,
entoa o canto de poder outra vez voar.

Quando do claustro, ele consegue escapar,
vai fazendo seu vôo livre no ar,
sem medo de um novo alçapão
que sangrou tanto seu coração.

O encantamento no seu compasso refeito
marca o ritmo do seu passo no peito
e a tristeza começa abortar.

A lágrima que escorria na face
cristaliza-se em alegria,
já vislumbrando outro enlace.

E então não se lamente,
prepare a terra pra nova semente...
Nenhum ser vivo nasceu pra ser só,
o coração sempre quer um xodó!

Não existe “amor sem fim”,
nem dor que doa pra sempre assim...
A vida é um eterno recomeço!...
A dor, da felicidade, é o preço!

Carmen Vervloet

quinta-feira, 1 de março de 2012

Bruxinha de Luz


Inspiro-me nos livros de “Lobato” e “Coelho”
Levanto vôo nas asas da noite viúva
Unhas negras nos longos artelhos
Esparramo o bem nos arcos da chuva

Aranhas tecem ao meu redor
Enquanto no céu da minha inspiração
Alinhavo o início do tema maior...
Para os raios da lua cheia abro o portão.

Todos os símbolos da escuridão
Brotam nas páginas da imaginação
Mexo com força o frenético caldeirão
Que fervilha no mistério desta estranha criação

Rabisco epitáfios nas páginas sem pauta
Apago vampiros dos frutos do medo
Desenho duendes nas árvores mais altas
Com meu feitiço mudo o enredo.

Sou bruxa do bem, poeta e mulher
Protejo crianças que vivem no escuro
No meu caldeirão ninguém mete a colher
Com a boa leitura, a insipiência eu curo.

Carmen Vervloet

Canção da Água


Já fui água cristalina,
fui pura qual menina
que tem límpido coração

Sou a maior preciosidade,
sacio a sede da humanidade,
sacio a sede da plantação.

Sou água cor de diamante,
ando por lugares distantes
em busca de redenção.

Meus braços insistentes
partem da minha nascente
abraçando com toda afeição.

Já fui rio abundante,
refresquei calor escaldante
vertendo sem violação

Hoje sou fio de esperança
implorando a cada criança
que me dêem sua proteção

Se eu for assassinada
nem jardins, nem revoadas,
só cinzas de civilização

Urge que eu tenha respeito
pra correr límpida no leito
para que bata meu co-ra-ção...

Carmen Vervloet

Anos Dourados


Na mente "flashes" dos bailes românticos de antigamente
onde as moças, qual plumas, giravam pelo salão...
A alegria cabia apenas num sorriso e educadamente
no “grand finalle” o cavalheiro agradecia com um beijo na mão.
Os olhares se cruzavam perdidos em emoção
acendendo as fagulhas das asas do desejo...
A orquestra tocava valsa, bolero, samba canção,
o contato sutil dos lábios num tímido beijo.
Uma palavra de amor segredada baixinho ao ouvido,
o farfalhar das anáguas engomadas sob o vestido,
lembranças que guardo eternamente comigo
cerradas num frasco de Dioríssimo antigo.

Carmen Vervloet

Sonho Gestado


O sonho que sonhamos
precisa ser gestado
como o feto no ventre que
abriga, alimenta
e o deixa tomar forma lentamente.
Uma gestação sem tempo determinado,
onde se semeia sem normas,
sem rimas, sem receios,
mas com esperança e desejo.
Onde a emoção revela seus anseios
através das brechas do coração.
O querer entra em sintonia
com o universo
que conspira a nosso favor
e no encontro de suas energias
realiza-se a concretização.
O sonho floresce.


Carmen Vervloet