terça-feira, 29 de março de 2011

INSISTENTE


Amanhã encherei o céu de vôos encantados,
minha alma voltará a se levantar...
Meu coração, por Deus abençoado,
boa energia disseminará no ar.

A alegria despertará junto ao sol
e a esperança soltará suas correntes...
De longe vislumbrarei um novo farol
e seguirei sua luz, outra vez, insistente.

Os gerânios estarão mais vermelhos
e todos serão mais felizes sem saber por quê...
A luz se refletirá num imenso espelho
que envolverá em brilho minha psiquê.

Caminharei sorrindo pelo caminho
de mãos dadas com a vida outra vez,
semeando pela estrada carinhos,
colhendo amor em vez de tanta insensatez!

Carmen Vervloet.

segunda-feira, 28 de março de 2011

PENSAMENTO

Tem dias que a vida amanhece de mau humor e já chega batendo até fazer o coração sangrar. As lágrimas vermelhas escorrem dos olhos, pingam sobre o papel e se transformam em letras que tingem versos machucados, fazendo a poesia chorar.

Carmen Vervloet

PAISAGEM SEM COR


Tanto foi... mas tanto foi o sofrimento...
Que meu coração secou!
Hoje sou um grão de areia ao vento,
tão perdida que já nem sei quem sou.

A falta de paz é meu tormento.
A insônia nas noites me persegue.
Peço a Deus que me faça um acalento
ou então que faça meu momento breve.

Meu silêncio é feito de agonia,
minha alma entregue à dor...
Meus sonhos não voam sobre as pradarias,
minha vida é uma paisagem sem cor.

A esperança acorrentada no meu peito.
A chave perdida no deserto e sua imensidão.
Meu corpo debatendo-se sobre o leito,
meus olhos perdidos na escuridão.

Carmen Vervloet

domingo, 27 de março de 2011

A VOZ DO TEMPO


A pena do tempo
Que conta a história
Perdeu-se ao vento
Descorou a memória

O tempo sem tempo
Não olhou para trás
E o homem em tempo
Arriscou-se atrás.

Subiu íngreme rochedo
Buscou o tempo sem medo
E sobre a noite veio à voz

Deixe que eu te leve
Sê... grande e breve
Ou gire sem face, a sós...

Carmen Vervloet

sábado, 26 de março de 2011

NOSSO TEMPO


O tempo pressentido precipita-se sobre nós.
Tempo antecipado pela nossa assassina mão,
costurado pelas linhas do mesmo retrós...
Pecado, cometido pelo homem, sem absolvição.

Outrora o tempo era de paz, sabedoria e harmonia!
Tempo de águas limpas, de nascentes cristalinas...
Hoje o coração pulsa no ritmo de sentida agonia,
vendo a vida se acabar entre motos-serras e toxinas.

Lixo, agrotóxicos, dióxido de carbono poluem o planeta.
Aterros, desmatamentos, pedreiras explodidas sangram a natureza!
A esperança esconde-se entre densa fumaça preta,
sinal de tantos medos e de plúmbeas incertezas.

Ontem, tsunami era coisa apenas do oriente,
do outro lado do mundo, tão distante da gente!
Hoje todo o planeta reage com intensa valentia
à agressão do mais egoísta ser vivo que o fere e asfixia..

Por que agredir quem sustenta tão fartamente
as bocas que sugam da terra frutas, verduras, sementes?
Por que matar lentamente quem gratuitamente nos dá a vida?
Por que contaminar e exterminar a nossa própria comida?

Nenhum governo deveria autorizar tão ignóbeis atos!
Lesões irreversíveis que vão afetar a saúde das espécies e do planeta...
Mas a avidez não dispensa luxos e seus respectivos aparatos,
só mesmo Deus para nos livrar das mãos que empunham tão pesada marreta!

Hoje é tempo de efeito estufa aumentando a temperatura do planeta,
é tempo de chuvas ácidas que matam e destroem...
É tempo de mudanças climáticas, é tempo de pouca colheita,
é tempo de alagamentos, maremotos e tufões,
mas, sobretudo é tempo de muita reflexão e orações!

Carmen Vervloet

sexta-feira, 25 de março de 2011

MEIO A MEIO


MEIO A MEIO

Minha vida é uma colcha de crochê
tecida ponto a ponto, dia a dia...
Tranço uma malha resistente
numa luta insistente,
hoje, no presente...
Com total ausência de covardia!
Mas sou dual!

Com dúvidas, mas esperança
busco sempre a pura criança
que em mim habita,
sonha e acredita que a vida é linda!
Mas também sabe que
a luta é infinda!

Um gerânio a florescer
cultivado por um simples verbo: amar!
Mas como é difícil apenas amar!!!
Mas se nisso não persisto,
não correspondo aos apelos do Cristo,
à sua ideologia e,
assumo a demagogia dos egoístas
que só querem ter!

E entro num túnel atraente,
cheio de luzes que cegam...
Um lugar envolvente
onde dificilmente existe retorno.
Queimo-me no forno da ambição!
E então desperdiço minha preciosa vida
que terá sido inútil, vazia, em vão...

Descarto a bondade,
perco a tranqüilidade,
aniquilo a vontade,
e sou apenas mais um
no infinito mar de tanta podridão!
E sei que isso eu não quero pra mim, não!

Ah! Sou uma tola poetiza,
partida ao meio, perdida em devaneios,
metade defeitos, metade qualidades,
que sonha destruir a maldade
com tão simples versos!
Como se a poesia
pudesse exterminar as tentações!

Carmen Vervloet

VÍDEO POEMA SERENATA DE AMOR

A ZÍNIA E A BORBOLETA



Borboleta pintadinha voa distraída
Beijando a zínia rubra em paixão
Que se abre em doce amor perdida
Buscando o fim da sua solidão!

Mas outras zínias devassas sedutoras
Atraem a borboleta feliz errante
E a zínia rubra incasta pecadora
Murcha suas pétalas lacrimejantes!

Borboleta pintadinha nada percebe
Segue acariciando a cada flor
Sensual, lasciva, sem nenhum pudor!

A zínia rubra em seu sonho breve
Com suas lágrimas encharca o chão
Semeia na terra a flor desilusão!

Carmen Vervloet

quinta-feira, 24 de março de 2011

FETICHE DA LUA




Salve lua feiticeira!
Que encanta os namorados...
Sedução desce a corredeira
e rola pra moça ao lado.

Luar ilumina sua face,
o prata tinge o vestido,
corpos se unem num enlace,
olhos no horizonte perdidos.

No céu estrelas faíscam,
as almas se entregam cativas,
mãos ansiosas arriscam...

Lábios com lábios se unem,
corações sem alternativa,
o espetáculo da magia resumem...

Carmen Vervloet

TEMPO VÍDEO POEMA

UM ESBOÇO DE FELICIDADE


Carrego comigo um porta-joias de porcelana
guardado com zelo no fundo do coração.
Foi conquistado numa perigosa caravana,
nesta vida em que me atirei com paixão.

É um relicário com tantas experiências...
Tristezas, alegrias, frustrações, boas lembranças,
amealhadas nas estradas com a minha anuência,
guardadas por mim em todas minhas andanças.

São peças valiosas, sem preço no mercado,
são retalhos costurados com esmero no caminho...
Sem elas minha alma jamais teria esboçado
os traços da felicidade e os seus parentes vizinhos.

Carmen Vervloet

quarta-feira, 23 de março de 2011

TEMPO


Quem é você afinal?
Amigo ou algoz?
Nem bem chega
junto à luz do alvorecer
e já é breu na noite
que me abraça...
Rapidamente abafa
outro minuto
e segue indiferente seu percurso.
Presente que já
expira o passado
e nem me deixa inspirar
ar puro, já é futuro!
Não posso delimitar
sua velocidade,
nem seu tamanho...
E estranho essa sua pressa
que me estressa.
O vento muda a direção...
As ondas do mar vêm e vão...
Mas você não...
Inflexível caminha
sempre em frente,
corrente que só leva
e não se importa
se deixa minha vida torta,
eu qual folha morta,
perplexo, ansiando
por sua volta
na lágrima que se solta.

Carmen Vervloet

terça-feira, 22 de março de 2011

DOCE ÁGUA DOCE


Brota do olho
da terra que chora...
E ainda menina
acetina o chão
eterna adição
corre entre trilhas
reflete a luz, brilha
e num crescente
fonte, nascente
dá-se gratuitamente
à semente que germina,
à flor tão pequenina,
aos bichinhos sedentos,
às plantas em crescimento,
às lavadeiras de sonhos,
aos homens em desalinho
com a essência da vida...
A sua mais preciosa bebida
em extinção...
Sem zelo, nem proteção.
Poluída...
Por lixo, invadida,
Maculada,
por homens insanos,
comprometidos com planos
de riqueza, de poder,
anestesiados, sem perceber
que sem você,
água cristalina,
doce água dançarina...
Que sem você...
Tudo é incerto,
Sem vida,
Deserto!

Carmen Vervloet

domingo, 20 de março de 2011

MÁGICO SORRISO


Arma de sedução,
espelho da emoção
liberta a alma
que vagueia calma,
feliz, acariciando corações...
Palavras perdem o sentido
o calor é mantido
estrelas brilham no céu
a lua mostra-se sem véu
seduzida pelo mágico sorriso
que faz da vida um paraíso!

Enigmático, puro, cativante,
ambíguo, terno, distante,
complacente, alegre, malicioso,
irônico, sutil, caloroso...
Derrete o gelo,
transpõe bloqueios,
abre cerradas portas,
suprime a indiferença,
anuncia a querença!

Essencial no amor
sinaliza o olhar que conquista...
Um eterno alquimista,
encanta e arrebata
à primeira vista!

Ilumina o rosto com alegria,
é o mestre da magia...
Atrai para si o inatingível!

Carmen Vervloet

sábado, 19 de março de 2011

SERMÃO PARA UM HOMEM IMPERFEITO



Caminhas em busca de venturas,
Mais vezes caça do que caçador
Se não focas no amor a tua procura
Pilha-te o primeiro sentimento predador.

O espírito, onda em movimento
No mar revolto das promessas da tentação
Desliza solto a mercê do vento...
Em cada queda um degrau de evolução.

Cabe a ti escolher e traçar o teu destino
O livre arbítrio é todo e somente teu
A vida não é um cassino clandestino
Mas o maior tesouro que Deus te deu.

Envolve-te de luz como de um manto
E faça-te arauto de bons intentos
Lave os caminhos com os teus prantos
A alma é sábia e compreenderá o lamento

Se Deus mostra sua face na flor selvagem
E dissipa as nuvens num sopro de vento
E te deu livre arbítrio nesta viagem
Por que não fazer bom uso de cada momento?

A vida é a seara que cultivas com amor
Enxergue o mundo num grão de areia
Construa tua obra com carinho e bom humor
E deixe a felicidade penetrar por tuas veias.

Deus te deu sabedoria, potencial e inteligência...
E ouvindo o coração, acionando a consciência
Crie uma praia com seu pequenino grão de areia
E então em paz, deleite-se com a lua cheia!"

Carmen Vervloet

DE CIGARRO EM CIGARRO...


(Dedicado aos fumantes)

Como entender
se o maior bem da vida é viver?

Se você tem consciência
dessa sua dependência
e deixa seus sonhos mirrar...
Ah! Nem sei o que imaginar...
Estou literalmente dentro de um hospital,
meus olhos vislumbram um fim fatal...
E neste momento mais importante que compreender
é dizer pra você
grite... peça socorro...
Plante em seus pulmões ar puro...
Vá à praia... suba morros... escale muros...
Vença sua fraqueza,
use de sua astúcia... realize esta difícil proeza...
Supere o vício que a absorve
e sua carência não resolve.
Não seja passiva,
abrace novas expectativas...
Faça-se locomotiva
e reboque outros vagões enfumaçados...
Não esconda atrás da fumaça
seus segredos e seus medos...
O cigarro é uma perigosa companhia,
aparentemente preenche sua alma vazia...
Mas cada baforada que sai da sua boca
vai asfixiando sua vontade,
cortando sua vida pela metade.
Sua voz cada vez mais rouca
dificilmente será ouvida
e sua escolha cada dia mais contundida!
O trago não alivia o peito,
isso é falsa conclusão,
o trago te levará fatalmente ao leito...
Leito da morte... por própria opção!
Se não se importa consigo
poupe quem está ao seu lado
não os mate asfixiados
submetidos ao seu vício,
peça ao cigarro um armistício.
Hoje ainda há tempo...
Mas amanhã... seu corpo cobrará...
E alto será o preço...
Um féretro... flores...
E sobre suas frias mãos um terço!

Carmen Vervloet

quarta-feira, 16 de março de 2011

CANÇÃO DO CORAÇÃO


Na batuta do maestro
Orquestro meu coração
E sopro toda tristeza
Na modulação do pistom

No conjunto dos instrumentos
(Re)componho meu destino
E afino minha vida
Nas cordas do violino

Canto pra não chorar
Canto blues... samba canção
Solto a voz com alegria
Nas cordas do violão

No teclado do piano
Componho sonhos e planos
Envolvo-me com paixão
Em versos de ilusão

No som de cada instrumento
Ouço o adeus da agonia...
No enredo do sentimento
Eu suspiro esta poesia.

Carmen Vervloet

terça-feira, 15 de março de 2011

O PLANETA PRECISA DE LOUCOS...



Nesta revolução industrial

que polui, agride, aquece, destrói o planeta,

procuro loucos até com lunetas...

Preciso de loucos, muitos loucos,

e são tão poucos...



No paradoxo da insânia e da razão

urge um fim para a sanidade

que se apega a fiapos de falsa sobrevivência

quando todo o planeta implora por clemência.

Só os loucos salvarão as devastadas cidades.



Louco de pedra, nu, maltrapilho,

fedendo a suor, louco andarilho...

Sem medo de se expor e ser julgado,

não tem juízo o coitado, portanto,

jamais se sentirá acovardado.

Aos loucos caberá a tarefa de salvar os lúcidos

pois só a eles pertencem os entendimentos mais esdrúxulos.



E esses loucos penetrarão nos palácios

e nas paredes escreverão um oportuno prefácio

mostrando o tudo e o nada,

ditando novas regras na esplanada.

Salvarão os lúcidos do sanatório da lucidez,

essa doença que escraviza e esvazia...

E, diga-se de passagem, se tornou mania...

Curando-os da sua avidez,

do seu egoísmo e da sua covardia!



Quero arregimentar loucos

mas, são tão poucos!

Carmen Vervloet



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segunda-feira, 14 de março de 2011

ORGASMO


Poeta...
Ser inquieto,
alma alada,
meio louco,
voa nos seus
devaneios
pelos mundos
subjetivos.
Voa... voa... voa...
E tão somente
pousa quando
a emoção lhe
aponta o lugar.
Então com seu
voraz olhar
busca alimento
para matar
sua fome
de poesia!
E zás...
O clímax!
Orgasmo
onde ejacula
o sêmen da
criação!

Carmen Vervloet

sábado, 12 de março de 2011

CANÇÃO DO CAMINHO

Por aqui vou sem destino,
sem rumo, sem pouso certo...
Abandonei no caminho o tino
e sigo de peito aberto.

Minha alegria vai comigo,
vai sorridente, segue meu passo,
o sonho meu eterno amigo
sempre me oferece o braço.

Caminho por entre flores
num jardim onde semeio paz,
meus sentidos farejadores
correm da felicidade atrás.

Os pássaros da madrugada
entoam a canção de o doce acordar...
Roubo a luz da alvorada
e encho de brilho o olhar.

E assim vou caminhando
comandada pelo coração,
no trinado do sabiá
vou harmonizando a canção.

E quando se fecharem meus olhos,
eu os deixarei fechar,
porque hoje a tristeza eu desfolho
e afogo suas pétalas no mar!

Carmen Vervloet

sexta-feira, 4 de março de 2011

ABSTRAÇÃO


Todos vêem o lado feio da vida
Mas nem sempre lhe prestam atenção
Se não podem dar a devida acolhida
Por que então ferir o frágil coração?

Egoísmo? Displicência ou abstração?
Um pobre mendigando na calçada,
Uma criança faminta estendendo a mão...
A vida distribuindo bofetadas...
E os transeuntes escolhendo sua visão

Um bom filme ou quem sabe uma balada
Algo que possa lhes dar satisfação
Ninguém se atreve a decifrar essa charada
Almas anestesiadas na rotina da visão!

Para este quadro costumeiro não há trato
Não há tinta que tinja este negro chão
Não há fotógrafo que mude a feição deste retrato
Não há vontade política que mude a situação!

E assim fugindo da dura realidade
Cada qual fazendo sua abstração
Vamos seguindo pelas ruas da cidade
O amor encarcerado a sete chaves no coração!

Carmen Vervloet

quinta-feira, 3 de março de 2011

LUISA


Se não existissem motivos,
eu juro que os criaria...
Criaria todos os motivos
do mundo para fazer você feliz!
Pediria emprestado ao firmamento
as mais lindas estrelas para bordar seu vestido
em suave brilho, cheio de céu...
Roubaria a transparência das puras nascentes
para confeccionar seus delicados
sapatinhos de cristal.
Faria, com um raio de luar, um laço de fita
de um prateado inexplicável...
Só para enfeitar seus longos cabelos.
E com pétalas das mais perfumadas flores
acolchoaria seu caminho
para suavizar cada um de seus passos...
Ah! E um doce perfume anunciaria sua chegada...
Com o arco-íris construiria uma ponte
em sete cores ligando você a mim.
Porque Luisa, meu amor
por você é tão grande,
que por maior que seja a distância,
sinto-a tão próxima que até
posso ouvir sua respiração.
Porque, minha querida neta, você mora
E morará sempre...
Eternamente...
Bem dentro do meu coração.

Carmen Vervloet

quarta-feira, 2 de março de 2011

CANTIGA DE NINAR A ROSA


Dorme o dia nos braços da noite
Dorme a rosa no seu jardim
Dorme o pássaro no seu ninho
Dorme o sonho dentro de mim!

Fale baixo, pise leve
Para a rosa não acordar
O seu sono é tão breve
Cante uma canção de ninar!

Dorme, dorme rosa encarnada
No acalanto dessa canção
Dorme seu sono profundo
Perfume meu coração!

Brisa acaricia suas pétalas
Orvalho mata sua sede
Logo chega a alvorada
Velo seu sono da rede!

Dorme em paz juntinho a mim
Rosa pura do meu jardim
Dorme, dorme linda flor
No acalanto do meu amor!

Carmen Vervloet

SE EU FOSSE FLOR


Não se cansa de girar...
Recomeça a cada novo alvorecer,
gira... gira... gira a procurar...
O sol que o faz acontecer

Eterno peregrino,
atrás do gostoso calor,
ciranda o botão menino
que Deus nominou flor.

Girassol! Na madrugada alguém gritou...
E a passarada assustada
sobre seu galho trêmulo pousou!

Foi então que
meu coração campestre falou:
- Se eu fosse flor
queria ser girassol...
Girando em torno de ti, meu amor,
nas dobras do nosso lençol!

Carmen Vervloet

DIALOGANDO COM O ESPELHO


Disse o espelho:
- Como está mudada!
Tua face não é a mesma, está cansada!
Teu corpo outrora esguio e viçoso
hoje está mais pesado e tão preguiçoso...

Mas sábia é a natureza!
Já não enxergas com a mesma clareza,
seus olhos estão cansados
e distorcem o corpo arredondado.

Sua alma, eterna menina,
crê que ainda é aquela colombina...
Linda, sedutora, pele de cetim,
sem rugas, sem marcas, pétala de jasmim.

Mas não se aflija, mulher!
Rugas são motivos de alegria,
sinal de que se confrontou
com a vida com sabedoria
e intacta permanece tua essência!
Com as marcas ganhaste
experiência, prudência e sapiência!

- Será mesmo espelho?
Se a vida fosse assim tão pródiga
daria eterna juventude no lugar
de ensinamentos e conselhos.
E tu mostrarias a imagem real
em vez desta fala ancestral!!!

Carmen Vervloet

terça-feira, 1 de março de 2011

POEMA ACORRENTADO


Uma placa de aço se interpôs entre o cérebro e a mão.
Disse o doutor que o estresse se apossou da minha inspiração!...
As palavras aprisionadas pelo maldito
que podou minhas asas tingidas de infinito.
O poema amarrado por essa corrente
já não flui como água de nascente.
Estagnado no lago do incauto coração,
ferido pelos gumes de tanta provação!

Carmen Vervloet