quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Entre Flores


Entre Flores

Rosa escarlate que adorna a aurora
Cultivada com arte pelo jardineiro
Um sol resplandecente que a adora
Memória perpetua-se nesse cheiro!

Rainha coroada por réstias matinais
Frescor que suaviza e enternece
Sua beleza eu não esqueço jamais
Que minha poesia nutra e desperte!

Brotei entre campos floridos...
Cresci entre canteiros coloridos...
Vivi entre muitas nuanças, eterna criança!

Teci minha vida em pétalas de flor...
Aroma, beleza, fascínio e cor...
Primavera vencida, a doce bonança!

Carmen Vervloet

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Céu de Verão



Nos jardins do céu
voejo ao léu
nos acordes do tempo
que solfeja um acalento...
Busco-o na imaginação...
Quem sabe no coração...
Visto-me bonita
laços de fita
vestido rodado
cabelos dourados
solto minh’alma
qual pássaro branco
sem dor e sem pranto
viajo com calma
na paz desses versos
no infinito universo
qual nuvem solta
soprada em emoção...
Meu coração leve
livre ao vento
entoa a canção.
Você me toma a mão
faz giros e valsados
tira-me o chão...
Flutuo em seus braços
viajo sem rumo
sem leme, sem prumo
por este céu de verão.

Carmen Vervloet

Porto de Tubarão - Um Grito Solitário



Acordo nesta ensolarada manhã de segunda feira que teria todos os motivos para ser mais uma agradável manhã de verão. Moro no bairro mais nobre de Vitória, a Praia do Canto. Uma belíssima vista para o mar, hoje calmo e azul. Da minha janela vislumbro uma paisagem capaz de inspirar os mais lindos versos de amor e devoção à natureza. Mas não. O que grita dentro de mim é a revolta de ver minha cidade coberta por nuvens negras vindas do Porto de Tubarão. Nuvens que poluem minha cidade e trazem em suas garras graves problemas de saúde à população. É o nosso “famoso” pó de minério, um pó preto que cobre os pisos, os móveis, as cortinas das nossas residências. Que as invade sem dó nem piedade. Que chega ao sopro do vento nordeste. Entra por portas, janelas, passa por entre frestas e causa danos irreparáveis a nossa saúde. Pobre coitado do nosso aparelho respiratório! Ele já não suporta mais tanto pó! Mas esse pó preto não é apenas sinônimo de luto. Ele também faz com que algumas pessoas fiquem cada vez mais ricas. E como ficam... Pessoas envolvidas no processo de camuflagem dessa devastadora poluição. Basta passar a mão sobre qualquer canto da casa e a mão fica negra do maldito pó. É um negro que nos remonta a triste morte e ao luto dos nossos corações face ao descaso de tantas “autoridades” envolvidas em altíssimos jogos de interesse. A imprensa fala superficialmente sobre o assunto. Ela tem na Companhia Vale do Rio Doce um de seus maiores anunciantes e precisa de anúncio para sobreviver. E então a quem recorrer? Ao bom Deus, incomodá-lo lá no céu? Creio ser a única alternativa que nos resta. Conversando casualmente com uma funcionária de determinada Secretaria (que deveria zelar pelo meio ambiente) disse-me ela que apenas em véspera de eleição é que o referido órgão “abre os olhos” numa campanha eleitoreira. De vez em quando, creio que quando o povo pressiona mais, durante o dia o pó é mais ou menos filtrado e a noite os filtros são desativados para que se dobre ou mais a produção. Mas daqui eu tudo observo. Nada me passa despercebido. E sofro na carne esse tormento. Falo como cidadã que paga seus impostos, que com seu voto ajudou a eleger esses dirigentes que fazem “vistas grossas.” Falo porque esta é a terra da qual tiro meu sustento e eu a respeito. Falo, sobretudo porque amo essa cidade, minha terra mãe, sempre tão calorosa e acolhedora! Vou gritar sim... E brigar pela minha querida Vitória e pelo seu povo que também é o meu. Ninguém mais agüenta respirar tanto minério de ferro. Afinal nosso pulmão não é contêiner para carregar tanto pó! O nosso grande cientista e ambientalista capixaba, conhecido internacionalmente, Augusto Ruschi, na época ainda do projeto para a construção deste Porto, foi totalmente contra a sua atual localização. Já previa todos os malefícios a que viria ocasionar a população de Vitória. Mas o jogo de interesses prevaleceu e o Porto nasceu no lugar errado. Já condenado por antecipação, pelo grande cientista. Agora é limpar a casa no mínimo duas vezes por dia e carregar nos nossos pulmões, que todos juntos já devem valer uma pequena fortuna, todo o minério de ferro que inspiramos em cada segundo das nossas cada vez mais curtas vidas. E conviver cordialmente com bronquites, rinites, sinusites e tantas outras “ites”. Hoje tenho a mais absoluta certeza de que os PODEROSOS não sentem com o coração e nem pensam com a cabeça. Pensam apenas com a conta bancária ou quem sabe com a BUNDA que se instala na poltrona do PODER e fica viciada e defeca sobre a cabeça do povo.

Carmen Vervloet

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Branco



Branco é o sêmen que dá origem a vida
Branco é o leite que alimenta a criança
Branca é a paz que revela a margarida
Branco é o reflexo de todas as nuanças.

Branca é a água que brota da fonte
E que em rio escorre do alto do monte
Branca é a luz que invade a natureza
E inunda minh’alma com tanta beleza!

Branca é a alma que navega expandida
E que lança sua essência em paragens desconhecidas
Branca é a página inicial da vida
Onde tudo se escreve até a hora da partida!

Carmen Vervloet

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Video Poema em Duo: A Magia da Noite



Poesia: Maria Goreti Rocha e Carmen Vervloet

Edição: Carmen Cecília

A Magia da Noite _ Poesia em parceria



O dia carrega o sol
em seus braços.
Surge a noite
pendurada em laços
de escuridão.
Amarrados a um lençol
de estrelas cintilantes,
pequenos pontos
de luz...
Brilhantes
que cobrem a terra
na sua vastidão!

O clima é fantástico, misterioso!

A noite mostra
sua dupla face...
Uma enigmática, sombria,
outra, romântica...
Pura magia!

Na calada da noite
surgem sonhos, delírios.
Lobisomens, fantasmas,
sacis-pererês...
Piam corujas
causando arrepios,
cantam grilos e sapos...
Estranhos assobios.

O uivo dos ventos,
o frio da noite,
a inércia da morte,
o medo das trevas...

A madrugada é sombria!

O som do silêncio
é a música dos anjos,
o canto sereno
das águas dos rios.

Embalados nos sonhos,
surgem os amores.
Lingeries de seda...
Um roçar de pernas,
Sem rubores,
sem pecados,
sem falsos pudores.

Corpos flamejantes...
Fusão de almas,
concretização do amor!

O dia desata
os laços da noite
e ela caí
em gotas de rocio.
Leva consigo
Seu lado vadio,
e com ele
as delícias do cio.

A face do horror,
a face do amor,
a magia da noite
em todo esplendor!

Maria Goreti Rocha e Carmen Vervloet

Vídeos Poemas



Vídeo Poema: Frenético Tango
Poesia: Carmen Vervloet
Edição: Carmen Cecília



Vídeo Poema: Não Existe Fim
Poesia: Carmen Vervloet
Edição: Carmen Cecília

Vídeo Poema - Rosa Azul



Poesia: Carmen Vervloet

Edicão: Carmen Cecília

Vídeo Poema Tempo





Poesia: Carmen Vervloet

Edição: Carmen Cecília

Um Sopro de Amor - (no jardim dos sentimentos)



Jazia no chão quase sem vida
a murcha esperança,
tal qual prematura criança
abortada em ferida.
Ingênua... chamava-lhe o mundo!
E ela buscando sair
do desmaio profundo!
Levante-se flor... respire fundo...
Soprava-lhe ao ouvido o amor...
Receba o calor do sol
no infinito horizonte...
A vida é um jardim colorido...
E sou a inesgotável fonte
que rega o gerânio perdão.
Só ele é capaz de apontar
o caminho lírio da paz...
O ciúme só trás confusão,
esmaga a rosa felicidade,
e com vileza e maldade
atormenta o frágil coração...
Por favor, não lhe dê atenção!
O ciúme é o espinho
que fere a violeta relação...

E então a flor esperança suspirou...
E ao jardim do amor retornou...
Guardou no baú das lembranças
a feia e velha desconfiança
e qual alegre menina
deu a volta por cima
em gingados de dança
com uma orquídea na trança.

Carmen Vervloet

Perdida Paixão

Busco-te em meus sonhos,
Nas noites que mentem,
Nas madrugadas solitárias
Quando meu coração gelado e sofrido
Chora a perda do seu calor...

Busco-te em campos de violetas,
Cenário do nosso amor bonito
Vivido entre a terra e o infinito
Lençóis de pétalas perfumadas
Acolchoando nosso amor...

Busco-te sob um pé de ipê florido
Corolas violáceas esmagadas por nossos corpos
Frementes, impacientes,
Num desejo louco, ardente
Paixão nascida já incandescente...

Busco-te na lua, nas estrelas, no céu,
Num poema de Leminski, busco-te ao léu,
Numa melodia de Jobim,
Na poesia de Vinicius enfim...

E te encontro belo, inteiro, intacto,
No silêncio do meu coração
E sinto tuas carícias
Na brisa leve que toca meu corpo
Como se fossem tuas mãos...

Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora

domingo, 17 de janeiro de 2010

Sedutora


Sedutora

Escrevo como se fosse
Para salvar a vida de alguém...
Escrevo como se fosse
Para salvar minha vida também.

Escrevo porque o sentimento
Fala mais alto do que eu...
Escrevo porque o momento
Num outro instante já morreu.

Escrevo porque o tempo urge
E a manhã varada de luz
Nem bem no horizonte surge
E já se apaga em meia luz.

Escrevo porque cada emoção
Que em letras bordo o papel
São palavras do coração
E giram em mim qual carrossel.

Escrevo apenas porque escrevo
E se sem motivos me atrevo
É porque da poesia sou cativo
E pleno me sinto vivo!

Carmen Vervloet

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Uma Prece



Chorei... Chorei tanto
e não consegui lavar
com meu pranto
tanta dor...
O horror de presenciar
tanto sofrimento
esse imenso tormento
que assola o Haiti.
E então peço a ti,
meu Jesus,
alivia deles a cruz,
estenda-lhes sua mão,
faça o milagre do pão,
dê-lhes um teto,
nem precisa ser completo,
mas que os abrigue
da chuva, do sol,
cubra-os com seu lençol
de esperança,
agasalhe suas crianças
com seu amor,
abrande o clamor
de tanta dor!
Só um milagre
pode transformar em vinho
o vinagre
do medo
que assola essa gente
que necessita urgente
de auxílio...
Um domicílio
para resgatar
suas vidas!

Carmen Vervloet

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Canção ao Luar



Nem sei o que aconteceu naquele dia
A lua surgiu, no céu, silenciosa e plena
Em luar pôs-me em estado de poesia
Embriagou-me com essência de alfazema!

Caí sobre o tapete relva no jardim,
Entreguei-me flor, alucinada de luar
Formosa, eu me abri em lascivo jasmim
E conjuguei em êxtase e paixão o amar!

Sobre meu corpo quente, um beijo doce,
Carícias e sensações que o vento trouxe,
Nos raios de prata da lua cheia...

Que então me cobria com seu manto
Enquanto você me embalava com seu canto
E minha alma fluía silente em suas veias!

Carmen Vervloet

sábado, 9 de janeiro de 2010

Tempo


Quem é você afinal?

Amigo ou algoz?

Nem bem chega

junto à luz do alvorecer

e já é breu na noite

que me abraça...

Rapidamente abafa

outro minuto

e segue indiferente

seu percurso.

Presente que já

expira o passado

e nem me deixa inspirar

ar puro,

já é futuro!

Não posso delimitar

sua velocidade,

nem seu tamanho...

E estranho

essa sua pressa

que me estressa.

O vento muda a direção...

As ondas do mar vêm e vão...

Mas você não...

Inflexível caminha

sempre em frente,

corrente que só leva

e não se importa

se deixa minha vida torta,

eu qual folha morta,

perplexo, ansiando

por sua volta

na lágrima

que se solta.


Carmen Vervloet

sábado, 2 de janeiro de 2010

De Cigarro em Cigarro...



Como entender

se o maior bem da vida é viver?

Se você tem consciência

dessa sua dependência

e deixa seus sonhos mirrar...

Ah! Nem sei o que imaginar...

Estou literalmente dentro de um hospital,

meus olhos vislumbram um fim fatal...

E neste momento mais importante que compreender

é dizer pra você

grite... peça socorro...

Plante em seus pulmões ar puro...

Vá à praia... suba morros... escale muros...

Vença sua fraqueza,

use de sua astúcia... realize esta difícil proeza...

Supere o vício que te absorve

e sua carência não resolve.

Não seja passiva,

abrace novas expectativas...

Faça-se locomotiva

e reboque outros vagões enfumaçados...

Não esconda atrás da fumaça

seus segredos e seus medos...

O cigarro é uma perigosa companhia,

aparentemente preenche sua alma vazia...

Mas cada baforada que sai da sua boca

vai asfixiando sua vontade,

cortando sua vida pela metade.

Sua voz cada vez mais rouca

dificilmente será ouvida

e sua escolha cada dia mais contundida!

O trago não alivia o peito,

isso é falsa conclusão,

o trago te levará fatalmente ao leito...

Leito da morte... por própria opção!

Se não se importa consigo

poupe quem está ao seu lado

não os mate asfixiados

submetidos ao seu vício,

peça ao cigarro um armistício.

Hoje ainda há tempo...

Mas amanhã... seu corpo cobrará...

E alto será o preço...

Um féretro... flores...

E sobre suas frias mãos um terço!


Carmen Vervloet