sexta-feira, 28 de março de 2014

Silêncio... Voz de Deus





 
Meu pensamento se deita calado
E meu sexto sentido se levanta
No silêncio se faz aguçado
E o invisível floresce como planta.
 
Uma luz me guia, mudamente,
Fagulha do meu sexto sentido,
O desconhecido se torna transparente
Diante do barulho esmaecido.
 
Silêncio... voz da alma, voz do universo!
Suave senhor dos céus, da verdade absoluta,
O Deus em mim presente, com quem eu converso...
 Que sempre me fala e também me escuta.
 
Carmen Vervloet

quarta-feira, 26 de março de 2014

Paz... Apenas Paz


 
Por favor, deixa-me viver em paz!
Quero apenas escutar a música da vida...
O tempo é inflexível e fugaz,
minha alma já sangra outras feridas.
 
Quero ser como o pássaro que canta em surdina
e que faz tão serena a angústia que o fulmina...
 Como provocação, imputaram-me hoje mais um tormento,
mas recebo da vida outros tantos acalentos.
 
Esta dor que me dilacerou de surpresa
e que vibra, cresce e se desdobra...
  Avoluma-se como água de represa
e mata como veneno de cobra.
 
Por isso eu lhe peço, deixa-me viver em paz!
Caminhar, o tempo que me resta, com serenidade...
Não vista mais uma vez  a pele de satanás,
respeite meus setenta e um anos de idade!
 
Carmen Vervloet
 
 
 

sábado, 22 de março de 2014

Canção do Outono

 
Adeus, folha seca
que pousa silente no chão,
agoniza sobre a terra preta
pálida e sem reação.
 
Leva contigo o verde da paisagem,
leva também o esplendor,
leva um pouco da coragem
deste coração sofredor.
 
Ah... folha seca
como me pareço com ti!
Ontem fui violeta,
hoje seco buriti.
 
Perdoa-me, companheira,
se já não volvo a ti meus olhos
debaixo da tua mangueira
meu outono também desfolho.
 
Carmen Vervloet
 
 
 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Promessas Vãs

Aquela promessa cor de rosa,
que saiu de um coração apaixonado,
e me deixou feliz e toda prosa
afogou-se neste mar tão agitado.
 
Hoje a sensação do nunca vivido,
 as palavras se perderam no imprevisto,
lembranças que me deixam aturdido,
deixaram no coração o seu registro.
 
Hoje não me vejo nos seus olhos.
Acabou a magia de um sonho...
A minha decepção desfolho,
e o meu porvir já é tristonho.
 
Carmen Vervloet
 
 
 

quarta-feira, 19 de março de 2014

Alegria do Amanhecer

 
Surge o dia de asas amarelas,
 meu quarto parece um pote de mel...
O horizonte tinge-se em suave aquarela,
 meu sonho atinge um pedacinho do céu.
 
Rodopio no palco dos meus devaneios,
sou bailarina que dança a alegria...
Entre pássaros, voos e chilreios
vou renovando minha energia.
 
A vida feliz dá gargalhadas,
a cigarra canta na folha-esmeralda,
o sol, um rolo de serpentina dourada,
beija as rosas que se juntam em grinaldas.
 
Renovada retorno ao meu pote de mel
e sobre lençóis de fios de algodão
me toca, feliz,  o meu menestrel,
uma carícia ardendo em sua mão...
 
Carmen Verv loet

terça-feira, 18 de março de 2014

Enigmático

 
 
Esta zonzeira que me atordoa
e que minh’alma não decifra
que pelo meu cérebro escoa
e a resposta só me vem em cifra...
 
Como decodificar a escrita interior
e suas variações tão oscilantes
se não prevejo o anterior
e o posterior é fonte inconstante?
 
Interrogo os signos vagos
e suas variações obscuras
mas não chego ao fundo do lago...
 
A verdade fundamental
é que a essência sempre perdura,
mas caminho sobre o abissal.
 
Carmen Vervloet
 
 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Sem Alma

A inquietação toma conta de mim
e me tira o sono, rouba minha alegria,
creio mesmo que esta tormenta
nunca terá fim...
O espírito não resiste
e vai entrando em grande apatia.
Penso que o mundo está perdido.
Falta muito do mágico amor,
falta respeito, sentido pra vida,
falta decoro, falta ideal,
a justiça cega, surda e muda
 não ouve o clamor
do povo sofrido que pede acolhida.
Violência, corrupção, irresponsabilidade,
truculência, prepotência,
descaso, abuso de poder...
O cidadão comum, sem amparo legal,
sozinho neste mundo cão
a mercê de toda esta aberração.
Lutar por um mundo melhor?!
Cansei... e só vejo crescer o pior.
Perseguição, dor, quanta dor...
 
Qual PODER plantou primeiro
tanto... tanto amargor?
 
Carmen Vervloet
 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Lembranças


 

 

O silêncio enche meu espírito
 e transborda me fazendo sonhar.
Voo sobre verdes pastos,
cafezais em flor,
e pouso num carro de boi
estacionado sob a velha mangueira.
Lá encontro meu ninho
feito de flores e dias felizes.
 
Carmen Vervloet
 

terça-feira, 11 de março de 2014

A Jabuticabeira

 
 
Tão menina ainda!
 Presenteando-me com doces frutos...
Quisera ter tempo para vê-la crescer,
tornar-se adulta,
para então ouvir
os segredos dos passarinhos
que acolherá em seus galhos.
 
Carmen Vervloet