quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Apenas um Desejo

 
Gosto de ti, chuva miudinha,
dizendo coisas que não entendo,
molhando minha blusa de oncinha,
os meus cabelos soltos ao vento.
 
Adoro caminhar sob seus pingos,
pisar nas poças da calçada,
olhar as folhas fazendo o gingo,
sentir a tarde abreviada.
 
A paisagem por ti riscada
 parece uma tela abstrata
e eu pensando em nada
te ouvindo como a uma cantata.
 
Ah... Chuva fina, miudinha,
do teu sussurro se desprende
um desejo que só tu adivinhas,
o sabor daquela boca na minha.
 
Carmen Vervloet
 
 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Além da Terra

 
Por mais que insistamos
nossa alma não é da terra,
fazemos deste planeta nosso arrimo,
mas breve, aqui, nosso tempo se encerra.
 
Buscamos algo sempre além,
sinal de que este não é nosso lugar,
acreditamos no que mais nos convém
para nossa hesitação abrandar.
 
Nossa alma pertence a outro universo,
mistério que não conseguimos decifrar,
certamente um mundo bem diverso
onde, talvez, apenas exerceremos o amar.
 
A vida brilha à flor da nossa retina,
úmida de lágrimas ou por sorrisos que a ilumina,
mas esta vida é veloz e transitória,
de como a vivemos depende nossa real vitória.
 
Só Deus na sua supremacia
sabe o que do outro lado nos espera...
Entreguemo-nos a Cristo e suas profecias
enquanto buscamos halos nesta esfera.
 
Carmen Vervloet
 
 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Luisa



(Parabéns, minha querida neta! Que Deus a cubra com suas bênçãos e lhe proporcione muitas e muitas alegrias! Te amo!!!)
 
 
Se não existissem motivos,
eu juro que os criaria...
Criaria todos os motivos
do mundo para fazer você feliz!
Pediria emprestado ao firmamento
as mais lindas estrelas para bordar seu vestido
 em suave brilho, cheio de céu...
Roubaria a transparência das puras nascentes
para confeccionar seus delicados
sapatinhos de cristal.
Faria, com um raio de luar, um laço de fita
de um prateado inexplicável...
Só para enfeitar seus longos cabelos.
E com pétalas das mais perfumadas flores
acolchoaria seu caminho
para suavizar cada um de seus passos...
Ah! E um doce perfume anunciaria sua chegada...
Com o arco-íris construiria uma ponte
em sete cores ligando você a mim.
Porque Luisa, meu amor
por você é tão grande,
que por maior que seja a distância,
sinto-a tão próxima que até
posso ouvir sua respiração.
Porque, minha querida neta, você mora
E morará sempre...
Eternamente...
Bem dentro do meu coração.
 
Carmen Vervloet
 
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Canção da Chuva



 
E esta chuva que não passa
deixando tudo cinzento
molhando a minha vidraça
e eu que esperava bom tempo.
 
Mas tão calma é esta chuva
que parece um sussurrar
acaricia as folhas da guaraiuva,
calma se solta do ar.
 
Diz coisas que eu não entendo,
murmura por caminhos desolados,
deixa meus lábios tremendo
ansiando por um beijo molhado.
 
Trás em si uma magia de paz e de pecado,
mistérios que eu não entendo...
Nas suas águas guardados!
 
Carmen Vervloet
 
 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Libertação



Chorou... Chorou... Chorou...
E depois se sentiu tão bem
 como   o frescor agradecido
das folhas molhadas
depois da chuva de verão.
Leve como a folha que
 se desprendeu da árvore
e voou solta rodopiando
por entre o sopro invisível do vento.
E sentiu uma alegria quase despudorada
por estar vivo
e poder participar da dádiva de viver.
 
Carmen Vervloet

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Levantando Âncoras

 
O sol estende seu brilho sobre a cidade,
nos ouvidos o frêmito do vento nordeste,
meu coração à deriva entre o sul e o leste
perdido entre a superfície e a profundidade..
 
Não sei se eu vou ou fico ancorada...
Mas anseio por aquela doçura que não enjoa,
e se a vida estará amanhã mais abreviada
creio mesmo que devo tocar minha canoa.
 
Partir em busca da força que não agride,
navegar seguindo o rumo da intuição,
esquecer raiva, mágoa, revide
e aportar onde pisque a luz da compreensão.
 
Como cigarra pousar sobre uma folha amarela
E cantar... cantar... cantar... cantar...
Acompanhada por orquestra de pássaros ou à capela...
 cantar a alegria, a vida, até que me falte o ar.
 
E então desfazer as amarras, levantar âncoras, içar velas!
Navegar pelas oportunidades com ousadia,
partir pelas ocasiões favoráveis com empenho e sem tutela!
 
Carmen Vervloet