quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Reflexo


No olhar, o reflexo da essência...
Espelho de uma alma serena
que buscou seus sonhos com persistência
e sonhando, de alegrias, se fez plena.

Carmen Vervloet



Chamado


Buganvílias debruçam-se sobre as margens da estrada,
enquanto o sol, com suas vestes douradas, esparrama sua luz...
Sonho vozes de primavera ao nascer da alvorada
e minh’alma admirada ouve o chamado de Jesus.

Parto com passos leves para a nova jornada,
caminho para um lago calmo, pura miragem!
Uma alegria me invade, às gargalhadas,
brilha a flor dos meus olhos nesta viagem.

Já não existem lapsos entre presente e futuro.
O tempo alonga seus braços e tudo envolve...
Meu coração bate feliz, pleno e puro,
tomado pela fé que a ele tudo devolve.

Carmen Vervloet


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Canção de Outono


Às vezes julgo ver nos seus olhos
as promessas que eu queria ouvir,
mas meu sonho sempre desfolho
como pétalas de rosas sedentas a cair.

Pus em suas mãos minha vida
como se fosse uma delicada flor,
entreguei-me com paixão desmedida
pensando que fosse colher só amor.

Mas colhi também tristeza e decepção
e como flor eu fui murchando
inclinada sobre seu árido coração.

Hoje sou pó que aduba a terra
e sob este sol que se põe brando
renasço como flor da serra.



No dia Nacional de Combate ao Fumo


Como entender
se o maior bem da vida é viver?

Se você tem consciência
dessa sua dependência
e deixa seus sonhos mirrar...
Ah! Nem sei o que imaginar...
Estou visitando um hospital.
Meus olhos vislumbram um quadro fatal...
E neste momento mais importante do que compreender
é dizer pra você:
Grite... Peça socorro...
Plante em seus pulmões ar puro...
Vá à praia... suba morros... escale muros...
Vença sua fraqueza,
use de sua astúcia... realize esta difícil proeza...
Supere o vício que a absorve
e sua carência não resolve.
Não seja passiva,
abrace novas expectativas...
Faça-se locomotiva
e reboque outros vagões enfumaçados...
Não esconda atrás da fumaça
seus segredos e seus medos...
O cigarro é uma perigosa companhia,
aparentemente preenche sua alma vazia...
Mas cada baforada que sai da sua boca
vai asfixiando sua vontade,
cortando sua vida pela metade.
Sua voz cada vez mais rouca
dificilmente será ouvida
e sua escolha cada dia mais contundida!
O trago não alivia o peito,
isso é falsa conclusão,
o trago te levará fatalmente ao leito...
Leito da morte... por própria opção!
Se não se importa consigo
poupe quem está ao seu lado,
não os mate asfixiados
submetidos ao seu vício,
peça ao cigarro um armistício.
Hoje ainda há tempo...
Mas amanhã... seu corpo cobrará...
E alto será o preço...
Um féretro... flores...
E sobre suas frias mãos um terço!

Carmen Vervloet


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Caminho


O dia passa com nuvens de tristeza,
lembranças, vislumbres de delicadezas...
A alma dói machucada pela vida,
com suas extensas páginas lidas e relidas.

Ao bom Deus rogo por coragem
para que possa continuar esta arriscada viagem...
Já não me enganam miragens de quimeras,
enfrento com reflexão o sofrimento que me espera.

Para que a chama de minh’alma se mantenha acesa
vou caminhando em busca de boas surpresas,
vou ocultando a dor num sorriso,
construindo o caminho com as pedras que piso.

Carmen Vervloet


domingo, 28 de agosto de 2011

Voces de Primavera - Johann Strauss



Vozes da Primavera

Vou por esta música, cor de saudade,
valsando no eco de tantas lembranças,
nos passos marcados por cumplicidade,
nos flashes dourados que inspira a dança.

Toda a melodia de um lindo passado
rompe o véu da memória represada,
o coração qual sino a bater acelerado
explode em alegria na tarde rosada.

Tudo em torno de mim é luminoso,
a música me leva a momentos prazerosos...
O passado é macio, bonito, venturoso!
Renascem em minh’alma mil sonhos teimosos.

Carmen Vervloet

sábado, 27 de agosto de 2011

Essência


Ame porque tem vontade de amar,
una porque tem vontade de unir,
dê porque tem vontade de dar,
ouça a dor... se ela o impede de seguir.

Sábio é sempre o coração
que lhe indica a verdadeira direção...
É a essência de Deus neste corpo mortal,
é o seu conselheiro neste mundo canibal.

A vida é dádiva divina,
caminhe por ela com alegria.
Deixe o coração lhe ditar a doutrina
assim cruzará seu caminho em paz e harmonia.

Carmen Vervloet


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Chuva de Lembranças


Como é bom ter olhos para ver o mundo!
O céu nublado, olhado de um jeito profundo,
escoando chuva miúda, límpida, fina...
Regando meu amado jardim, com água tão cristalina!
O verde relaxante das folhagens que vem e vão
contrastando com flores coloridas que gratuitamente se dão...
Flores e folhagens unidas num perfeito casamento,
embalando sonhos lindos, trazendo a tona latente sentimento.

Volto ao tempo de infância
e a chuva, as flores, o cheiro de terra molhada,
me trazem a saudade, o perfume, a fragrância
dos tempos felizes de criança, vividos na casa caiada.

Vejo-me a caçar borboletas...
O riso fácil, os pés descalços pisando a lama macia!
Ouço a voz de mamãe: “Menina sem juízo, vais ficar doente”!
E a voz de papai, que para ouvir novamente tudo daria:
“Velha, deixe a menina, isto faz bem, ela está contente”!

E nas noites bordadas de chuva,
papai, velhas histórias de família, a contar...
E eu agachada a seus pés, excitada,
com os olhos quais raios de sol a brilhar,
queria saber de tudo, queria eternizar o momento,
para sentir da sua voz o calor...
Que no frio da minha terra me aquecia com amor.

E em cada gota de chuva, que cai no meu jardim,
lembranças de momentos vividos
brancos, imaculados como o jasmim.
Momentos de ternura que voaram ligeiros
como os pássaros que agora da chuva querem se abrigar...
Momentos de aconchego
que só o calor de uma família feliz pôde dar!

Momentos que no tempo passaram...
Mas em mim eternamente ficaram...
Momentos do passado, mas que em mim estão presentes...
Momentos que me questionam,
quando num futuro ameaçador penso estar ausente.
Tantos momentos felizes,
incontáveis como as gotas de chuva
que agora o céu escoa...
Momentos cristalizados no coração da menina
que continua correndo atrás da borboleta esperança que voa...

Carmen Vervloet

sábado, 13 de agosto de 2011

PAI


(Para meu pai, Alfredo Vervloet)

Pai, quando a saudade aperta,
procuro-te
em cada elemento da natureza,
que com maestria, me ensinaste a amar.
Vejo neles a tua delicadeza,
teu imenso coração desenhado no ar.
Se procuro tua suavidade, busco-te na lua
que do espaço me sorri tão tua...
E no céu encontro teu anil olhar
sempre a me acariciar!
Teu cheiro encontro num botão a desabrochar,
ou na terra molhada, pronta para arar.
A tua paixão pela ópera
encontro no cantar do curió,
dos pássaros teu maior xodó,
que trinava tua canção,
ao nascer do dia, com precisão.
Vejo tua alma entre as verdes matas
que preservava com imensa devoção.
Nas orquídeas encontro a beleza
do teu coração, das flores a tua maior paixão.
Na estrelinha perdida no céu
encontro a tua admiração pelo belo,
pelo puro, pelo singelo!
No rochedo encontro a tua determinação,
a tua força e a tua proteção!
No sol encontro o teu brilho, teu calor
e a imensidão do teu amor!
No espelho das águas
encontro a tua face
num entrelace de carinhos e afetos
neste vínculo secreto
que persiste entre nós.
Porque pai, tu deixaste como herança,
não a tua abastança,
mas toda uma vida pautada
na retidão de caráter, na honestidade,
na simplicidade e sensibilidade.
Tatuaste todo o conjunto de teus traços
na alma de tuas filhas
que sobrevivem nesta ilha
com o coração pleno de amor!
E se a vida é cheia de percalços,
guiadas por ti, nosso herói digno de fé
passamos por eles descalços
mesmo com bolhas nos pés,
buscando sempre a sombra das árvores
as margens do rio,
o cair da tarde...
E se o caminho é deserto,
tu sempre estás por perto,
num jardim de lembranças
amenizando nosso sofrimento!
Pai, tu deixaste um belo exemplo
teus mais nobres sentimentos
que cultivamos através do tempo!

Carmen Vervloet


domingo, 7 de agosto de 2011

ETERNO RECOMEÇO


Não há chama que dure para sempre,
nem amor que seja imortal...
Floresce em tempo de ventura
estrelas brilham no olhar
mas eis que de repente
irrompe o vendaval
apagando a chama ardente
desse amor pleno e total!

Amor guardado em diamante
quebra-se como cristal
só a dor é real!

Fragilizado sentimento em bolha colorida
soprada por crédulo coração,
qualquer sopro mais forte
espalha a bolha em mera ilusão,
efêmeras bolhinhas de sabão!

Troca de carinhos, afagos, beijos,
divisão de sonhos, alegrias e tristezas,
construída com desvelo
a beleza da união!
Nos olhos desfeita a chama da paixão
então o que resta é saudade e recordação!

E por mais que se queira
ser sentimental
percebe-se que no amor
a perfeição não é arte final.

Pranto de horas doridas,
guardião de lembranças vividas,
buscando novos caminhos
na insensatez do coração...
Recolhidas estrelas da lama,
Acende-se nova chama,
eterno recomeço!

Nada escrito, ou assinado...
Sonhos (re)acordados!

Carmen Vervloet

ETERNO RECOMEÇO VIDEO POEMA DE AMOR PAIXÃO DOR ILUSÃO E REFLEXÃO



Uma linda edição de Carmen Cecília!

DE MULHER PARA MULHER


Tu és amiga... companheira,
no mar bravio da vida, marinheira
destemida a navegar
sobre as ondas oscilantes deste mar.
Corpo delicado... pulso forte
indicas o rumo... mudas a sorte
nesta tua tripla jornada
de provedora, mãe, mulher
que tão bem sabe o que quer!
Acordas quando a lua adormece,
dormes quando o tempo acontece
sem hora... sem previsão...
quando deixam de solicitar tua atenção.
Nem sempre compreendida, valorizada,
carregas dentro de ti guardada
a tua inquestionável intuição,
seta que te dá à direção.
Da vida, em torno de ti girando,
tudo esperas...
Como uma dourada esfera
envolves o mundo
com teu amor profundo!
Semeias a paz... sábia e audaz
com teu jeito eficaz
deixas brotar a emoção
que sai do teu terno coração!
Mulher... tu és o amor-perfeito,
sem medos ou preconceitos,
deste multicolorido jardim
de amor sem fim...
E mereces de mim esta homenagem
de mulher para mulher
por ser também mulher
e entender tão bem
tudo o que desejas, ofereces
e pedes à vida com fé!

Carmen Vervloet

sábado, 6 de agosto de 2011

Pemiação do 4º Concurso Literário de 2007

Poema



Às vezes me deito
e o poema se levanta.
E clama, clama tanto...
Que tenho
que me levantar também.
É um chamamento tão forte
que não me arrisco a
ser responsável por sua morte!
Dou-lhe vida para que possa
voar e pousar em algum coração!

Carmen Vervloet

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Canto de Despedida



Chora o canarinho no jardim,
sozinho, sobre a gaiola, debruçado,
triste com a devastação sem fim,
o ar impuro, o verde tão maculado.

No seu canto a vida que se finda...
A dor estendida em vasto deserto,
acordes de uma paisagem linda,
lembranças... dum chão por vida encoberto.

Tanto é o lamento, o sofrimento,
que o canto dói no coração...
Desfeitos os votos de casamento
entre a vida da natureza e este torrão.

Carmen Vervloet

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Livre


No chuá da chuva,
voa o pensamento...
Pousa lá naquela rua,
relicário de tantos bons momentos!
A memória proclama suas lembranças
e as imagens são visualizadas...
O tempo volta a ser criança
cirandando pela estrada...
Minh’alma menina
galopa livre pelo espaço...
Recolhe gotas transparentes
que se cristalizam
nestes singelos versos.

Carmen Vervloet

Vencendo os Percalços


Em minhas mãos o meu destino...
Fico atenta ao próximo passo,
não posso cometer desatinos,
nem me prender no próximo laço.

A vida é uma caixa de surpresas,
o porto que sonho é longínquo e pálido...
Mas de esperança é farta minha represa
e sai de minh’alma um sopro cálido.

Caminho por sobre espinhos,
meus pés sangram, mas insisto.
Vou arrastando o meu ancinho,
jogando às margens qualquer imprevisto.

Em minhas mãos o jogo do barbante,
o próximo passo é sempre fundamental...
Mas minha fé é abundante,
não deixo apagar o meu castiçal.

O mistério do amanhã eu não desvendo,
mas o instante é todo e só meu...
Diante da dor eu não me rendo,
guardo em mim a força de Deus.

A vida não vem embrulhada só em alegrias,
mas mesmo assim é um presente...
O que não mata, alforria,
fortalece a alma, clareia a mente.

Carmen Vervloet

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Essência


Chove lá fora.
Uma chuva fina e constante
que faz cada ser vivo
buscar o aconchego do seu ninho.
A noite é gelada,
mas quente é o coração!
Estou em minha própria companhia
e gosto de estar assim...
No silêncio de mim...
Meu imaginário floresce
como um jardim colorido,
estimulado pela chuva
e multiplica-se como gotas de tempo!
Concebo a semente,
gero o fruto
e partejo a essência
do bem viver...

Carmen Vervloet

Sítio da Vovó (poesia infantil)


No sítio da vovó
tem um gatinho cotó,
um galo cocorocó,
delícia de pão-de-ló.

Tem balanço de madeira,
tem areia, tem porteira,
tem piscina quentinha,
tem feijão e abobrinha.

Tem um lindo escorregador,
tem carinho, tem amor...
Tem o sorriso do Rafael,
sol que brilha no meu céu.

Carmen Vervloet

Proposta


Seja assim:
Amável, carinhoso, fiel,
pedra que sustenta o amor
modificando o destino,
retificando suas curvas,
aplainando seus obstáculos.

Flor que perfuma a vida
suavizando o odor do suor
da caminhada.

Sol que ilumina a estrada escura
e aquece os dias frios
e os corações gelados.

Lua que instiga o romance,
envolve as almas solitárias
e motiva os desesperançados.

Seja o silêncio
que permite a reflexão
e faz a alma entrar em comunhão
com a sua própria essência...

Seja assim:
Amoroso, puro, devotado,
um ser humano que faz a diferença
e faz o mundo melhor!...

Carmen Vervloet

terça-feira, 2 de agosto de 2011

HOMEM



Ser mutável como a lua e suas fases!
Às vezes lua crescente, cheio de força,
galgando os obstáculos sem enrugar a fronte,
sem vergar o tronco...
Decidido, sábio, sereno, corajoso!
Outras vezes lua nova,
renovando idéias, semeando sonhos,
plantando ideais!...
Às vezes lua cheia
ofuscando outros homens,
iluminado, sedutor, majestoso!...
Mas quando lua minguante,
esconde-se nas sombras,
arredio, frágil e humano.
Mas sempre passível de renovação!

Carmen Vervloet

TEUS LÁBIOS



POESIA: Carmen Vervloet

EDIÇÃO: Carmen Cecília

Até a presente data com 125 427 acessos!

Poesia no Canto, um Encanto!


Bordo meus versos
no aconchego do meu canto.
Que encanto!
Desenho, com palavras, coloridas telas...
Encho balões com meus sonhos
e os solto no iluminado espaço
no exato momento
em que passa uma corrente de vento.
Sobem aos céus, lá… bem junto às estrelas
e são abençoados por Deus!…
Depois retornam num rabo de cometa
pousando aqui e acolá…
Deixando um pouco de mim em cada lugar...
Lá... onde os silêncios rugem
em meio às dores que surgem.
Onde o tempo é quando… a dor passar!
E o amanhã é quando… a ferida secar!
Preciso plantar meus versos de amor e ternura,
fazer o reverso do sofrimento,
levar um pouco de loucura,
fazer voar, sem sair do chão,
por um ponto final no tormento,
alimentar… distribuir o pão…
Oferecer as mãos em conchas de amor…
Abraçar, com a esperança,
de que a dor suavizou,
a treva se acendeu em luz,
e a poesia trouxe a paz de Jesus!

Carmen Vervloet

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

NASCIMENTO

Tela de Denise Moraes


Tintas vibrantes
escorrem sobre a tela...
Na mão pincel se agita
no ritmo do co-ra-ção...
Do co-ra-ção...
Nascem reinvenções... Surpresas...
Sentimentos do artista...
Imagens grávidas de emoção!

Carmen Vervloet