quarta-feira, 30 de abril de 2014

Glosa



 

Quem roubou meu olhar tranquilo
  doce e atento
e o deixou inquieto
  na espreita daquilo
que poderá ou não acontecer?!
Poderia dizer que foi a vida...
Ou o destino cruel que causa dor
e deixa aquele amargo sabor.
Mas não seria verdade...
Quem roubou o meu olhar tranquilo
fui eu... Deixei que atravessassem
um caminho que era só meu.
 
Carmen Vervloet
 
 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Mágico




 Dá asas,
 faz voar
 pelos céus de mundos desconhecidos...
Embrenha-nos num bosque de emoções
onde a razão se submete ao coração
e nos faz sonhar aquele sonho lindo
que um dia julgamos impossível.
 
Carmen Vervloet

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O Canto da Alegria



 

A Alegria é o meu canto,
substrato do meu viver.
Cortam-lhe  os brotos,
ferem seus galhos
esmagam suas flores,
mas ela resiste.
Suas raízes são profundas...
É só o sol surgir no horizonte
que a alma se levanta sorrindo.
 
Carmen Vervloet

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Como Um Barco


 

Minha vida é um barco a navegar...
Velas içadas enfrentando as tempestades,
Peregrino sem saber o que vai encontrar,
Na esperança de que vencerá as adversidades.
 
Tanto limo esverdeando suas quilhas,
Tanta luz norteando suas velas,
Perseguindo a paz e a calma de uma ilha
Onde o amor é a única sentinela.
 
O vento manso embalando-o com carinho
O vento forte colocando-o à deriva
 E ele vai deslizando de mansinho...
No contorno da manhã, buscando alternativas.
 
E já bem longe onde só se avista o azul
Deixados pra trás tantos portos perdidos
Velejando solitário entre o norte e o sul
Percebe que só a alegria o levará ao tal jardim-florido!
 
Carmen Vervloet
 
 
 
 

terça-feira, 22 de abril de 2014

Encarcerada




 
Não sei se sucumbo frente ao sofrimento
ou se me agarro na crina do sonho e
cavalgo no dorso nu do vento em busca de paz...
 
Não sei se me afogo neste mar de lágrimas
ou se navego sobre ele, enfrentando
suas revoltas vagas, em busca de paz...
 
Não sei se deito este coração doente
ou se o faço caminhar se arrastando,
cambaleando... em busca de paz...
 
Sinto que a alma perdeu suas asas
e fiquei emaranhada neste dilema...
Quero ir, mas estou encarcerada nesta solidão.
 
Carmen Vervloet
 
 

 

 

 


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Cristo... Nosso Exemplo



 

Diante da cruz que nos ameaça
Não vamos sucumbir à submissão,
Cristo no seu calvário nos ofereceu a graça,
Da resistência, da esperança, da salvação.
 
Nosso tempo ainda é de lágrimas e de dor,
Os ouvidos do mal são surdos ao nosso lamento,
Mas temos como espelho nosso Jesus Salvador
Uma luz... Um bálsamo sobre os tormentos!
 
Vivemos um tempo de partidos e homens partidos...
As leis são para poucos, a injustiça se faz viva...
Honestidade e ideal jazem nos destroços de tempos idos
Passamos por um momento de poucas alternativas.
 
No corpo dos poderosos o ouro reluz!
Na sua mão, arma letal, a caneta...
Mas Cristo conduz o povo com sua intensa luz
E o brinda com suas múltiplas e divinas facetas.  
 
 Cristo morreu na cruz por todo um povo
Chorou, sofreu, foi ferido, gemeu de dor...
Mas muitos choram, nos subterrâneos da fome, por um ovo,
E nas ruas geladas tantos imploram por um cobertor.
 
Este é um tempo de mendigos, de violência,
É um tempo da dor, de amargura,
Mas Cristo nos ensinou o amor, a fraternidade, a paciência...
Verdades que não precisam de juras.
 
Carmen Vervloet
 
 
 

 

 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Nostalgia




 

Lembrança, quanta lembrança...
De um tempo que já passou
Minha história de criança
Que meu coração guardou.
 
Casinha, cozinhado, pescarias,
Sonhos plantados no quintal,
A tarde mansa, a ave-maria,
O esconde-esconde no bananal.
 
Mamãe, papai, o aconchego,
Que só o amor pôde dar,
O lar feliz, o chamego,
Felicidade aveludando o olhar.
 
Infância feliz, que sorte imensa...
Mas o vento cruel logo carregou
Junto ao tempo e sua impaciência,
Fase que a vida logo desfolhou!
 
Neste mundo de tanta ilusão
Tudo muda... tudo passa...
Ficam lembranças no coração
O resto vira fumaça.
 
 
Carmen Vervloet
 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Sensoriais da Alma




 

Afago meu destino,
Como afago uma criança...
Com ele não uso o tino,
Deixo que prime a confiança.
 
Afogo minha incerteza,
Deixo a alma leve voar,
Ouso tantas proezas...
Lanço para o infinito o olhar.
 
Entre o luar e a folhagem
Paira sempre um segredo
A vida é sopro, é aragem...
E nós para ela, brinquedo.
 
Indecifrável segredo...
Verdade de ninguém!
A folhagem do arvoredo
Espalha o segredo de alguém.
 
Que me importa o segredo
Se em mim pulsa a alegria
E se a morte chega cedo
 Deixando-me inerte e fria?!
 
Confunde-se o que por si existe
Com que o destino provocou,
Mas meu coração insiste...
Sou pássaro que sempre voou!
 
Carmen Vervloet
 
 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O Gemido das Águas

 

 

O choro vão da água tristonha
Na sua escassez de cada dia
Já não desperta no homem a vergonha,
De devastar sua fonte de vida e energia.
 
Tão desperdiçada a pobre coitada,
Contaminada por lixo e poluição...
Sobre ela ameaça o gume da espada
Empunhada pela mão de quem não ouve a razão.
 
Corre em seu leito gemendo tanta dor
Golfando o lixo que a sufoca e mata...
Este outono mudou mais e mais sua cor,
Tirou-lhe o brilho cor-de-prata!
 
E triste ando pelas margens ermas
Recordando sua abundância do passado
Sentindo a desolação das águas enfermas
Enquanto sinos dobram aos finados.
 
Carmen Vervloet
 
 
 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O Universo e sua Lei



 

O infinito e misterioso universo
interligado por vibrações que se comunicam...
Quando a dor machuca
gemem os homens, gemem os ventos,
gemem os rios, geme a terra...
Gemem também as estrelas,
gemem outros planetas ligados
por esta mesma energia universal.
No nosso silêncio interior
 ouvimos o som dos anjos,
prevemos eventos não acontecidos,
sorrimos ou choramos unidos pela mesma chama
que emana deste todo.
E a luz dos nossos olhos humanos
 sentimos a vida em permanente mutação.
Uma flor já não é uma flor,
é um sopro de vida,
uma partícula do todo!
Acima da verdade aparente,
está a verdade velada desta teia global
que se mostra de uma forma sutil
e dá suas respostas conforme
a energia emanada por cada ser humano.
Um sorriso leva a uma enxurrada de sorrisos,
e o cosmo se ilumina, se alegra, fica em festa,
enquanto uma punhalada fere todo o conjunto
e a resposta sempre chega, para quem o feriu,
com a mesma intensidade.
Tudo que se faz, volta...
É a lei do universo.
 
Carmen Vervloet
 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Menina Esperança


 

Ah! Minha amiga esperança
Jovem menina de tranças,
Verdes olhos de criança,
Contigo firmei uma perene aliança.
 
Caminho ao teu lado todo dia
Temos mais que um casamento
Voamos num céu ingente de alegrias,
Pousamos num jardim de contentamento.
 
Às vezes és mais teimosa que eu
E insistes quando penso em fraquejar
Tu és dádiva do bom Deus
Ajuda-me as pedras ultrapassar.
 
Quando meu peito sangra em dor
Ferida pelo espinho que não se vê na flor
Combalida por este mundo agressor
Tu chegas se abrindo em pétalas de amor.
 
Carmen Vervloet
 
 
 
 


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Canção da Esperança




 

Mola propulsora da vida,
Égide da alma perdida,
Cruza ruas, cruza avenidas,
Fonte... no coração nascida.
 
Esperança, estrela-guia...
Que norteia os meus passos
Sem você morre a alegria
E me exponho ao fracasso.
 
Você é a primavera
Que enfeita meu caminho
Agarro-me a você, como hera,
Sem você piso em espinhos.
 
Meu jardim tão colorido
Onde planto os meus sonhos
Entre suas flores protegido,
Meus lábios se abrem risonhos.
 
No seu verde eu me deito
E a força brota em mim
No aconchego do seu peito
Venço batalhas sem fim.
 
Carmen Vervloet
 
 

 

 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Perigos do Poder


 

O poder endurece o homem fraco...
Coração de aço, lâmina de dois gumes
que fere e corta sem dó.
 
O poder embrutece o homem fraco...
Cavalo selvagem que empina, derruba,
pisoteia e defeca.
 
O poder cega o homem fraco...
Trator sem farol que atropela todo aquele
que se posta à sua frente.
 
O poder corrompe o homem fraco...
Estômago voraz que nunca se satisfaz,
  deglute outros homens
para satisfazer sua ambição.
 
O poder embriaga o homem fraco...
Deturpa a ética, encanta o vaidoso,
que derruba, pisoteia,
 fere, mata, crucifica,
mas um dia escorrega
 na sua  própria vaidade...
Morre e apodrece
nos subterrâneos da sua solidão.
 
Carmen Vervloet