quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Allegro Non Troppo

 
Loucuras invento,
vibram os violinos,
 danço ao vento...
Na grimpa do cata-vento
gira a alma que se envolve
nas escalas musicais,
mananciais de felicidade,
fontes de alegria,
lagos de paz!
Dó, ré, mi, fá,
sol dormindo atrás das montanhas,
lá onde mora a ilusão.
(Si)deral aventura
que leva,
às estrelas incandescentes,
a alma inconsequente
que teima em voar...
Qual leve borboleta,
na cauda de um cometa
ao som de mil trombetas!
O corpo retém o passo,
não segue o compasso,
entregue ao cansaço...
Não alcança a alma fugitiva
entre nuvens escondida,
rodopiando entre estrelas
ao som daquela
 música quase esquecida!

Carmen Vervloet

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Versos de Janeiro

 
 
Ao lado da minha própria companhia
derramo o olhar pela janela:
vejo pássaros vertendo no canto tanta alegria
sobre um pé de acácia coberto de flores amarelas.
As cores do verão tingindo a paisagem,
tudo tão lindo, parecendo miragem!
 
O mar incansável no seu vai e vem
aliviando em suas águas o intenso calor
convidando pobre, rico e a mim também
a entrar em suas águas, entregando-se sem pudor!
Nuvens de tule surgem no céu
cobrindo a todos como se fosse um véu!
 
Tudo tem vida e tem tanta graça
as crianças gargalham, as flores tem alma,
o rapaz sorri para a garota que passa
e eu da janela, arrebatado, bato palmas,
aplaudindo toda esta motivação
que enche de júbilo qualquer coração.
 
Janeiro, meu bom e velho amigo
meu companheiro de longa jornada,
vejo em seus raios de sol, espigas de trigo,
em suas águas serenas, a paz desejada.
Sinto a energia que paira no ar,
 coração que palpita entregando-se ao amar.
 
Carmen Vervloet
 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cuidado!


Nas teclas silenciosas da internet
andam sonhando os solitários
até a noite fechar suas pálpebras cansadas...
Ó solitários, cautela,
para que lágrimas depois não derramem,
não acreditem que tudo são rosas,
existem os espinhos da falsidade
que ferem junto com a irresponsabilidade.
E mesmo as mais lindas rosas
logo  podem murchar...
E sobra a decepção que insiste em ficar!
Cuidado, solitários, cuidado,
a tela perversa esconde o rosto,
esconde a alma, esconde o coração
e a paixão acaba como um sol-posto
sobrando apenas a mais densa escuridão.
 
Carmen Vervloet


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Momento

 
As nuvens pesam sobre a tarde,
No ar, o mormaço do verão...
O sol despede-se sem alarde
 
O poente desce lento, lento...
Olho-te e tu me olhas,
Na penumbra que se instala no aposento.
 
Carentes de carinhos, acesos de desejo,
 
Nossas bocas se encontram em doce beijo.
 
Carmen Vervloet
 
 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Depois das Chuvas, Só Destruição

 
 
Passo longas horas debruçada
sobre a dor que se instalou no coração...
Queria tanto poder me transformar em fada
para reconstruir nossas cidades com uma varinha de condão.
 
Mas a vida não é bem assim...
Há que se ter força, coragem, fé e união
para que o recomeço se faça enfim,
pedindo aos prefeitos que diminuam tanta aflição.
 
Exigindo do nosso governador e da presidente da nação
verba, muita verba... mas que venha  inteira,
sem o fogo arrasador da corrupção,
sem a mudança de caminho costumeira.
 
Tantas cidades pelas águas devastadas,
tantas famílias amontoadas em abrigos,
tanta destruição nas ruas e nas estradas
tantos políticos olhando só para seu umbigo.
 
O sino da igreja toca triste pedindo ajuda,
na angustia silenciosa das casas abandonadas...
Vendo tantas perdas, não posso ficar muda,
sentindo o tormento de tantas almas desoladas.
 
Vamos nos unir povo espírito-santense
e nosso anseio bem alto bradar...
Vamos em busca de um futuro esperançoso
temos fé, temos força,  temos coragem  a fartar.
 
Carmen Vervloet
 
 

Eu Voei

 
Hoje acordei com vontade de voar
mas pensei, Deus não me deu asas...
desfiz-me dos lençóis e lancei meu olhar
para as mãos, os dedos em brasa!
 
As palavras se atropelavam na minha mente...
Cheias de luz, de lembranças e de esperança,
o coração se expandindo tão contente
fazendo uma retrospectiva desde o tempo de criança.
 
Voei sobre os prados como alegre passarinho,
pousei em mangueiras, no beiral do telhado,
vi-me menina brincando  num redemoinho
de felicidade... onde não existia a maldade.
 
Voei, voei e cheguei à Vitória, minha nova cidade...
Onde cresci, estudei e tornei-me mulher,
menina-moça ainda de pouca idade,
sonhadora, desfolhando o bem-me-quer.
 
Hoje, nesta retrospectiva que faço
percebo que mais sorri do que chorei
recebi tantos carinhos e tantos abraços
E as dores apenas, as que eu suportei.
 
 Todas as emoções que eu vivi, a vida resume
em carinhos, música, sabor, cor e perfume
E tudo o que dela eu alcancei
Foi porque nas asas dos sonhos e dos versos eu voei.
 
Carmen Vervloet