quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Nevoeiro

Hoje nem sol, nem canto de pássaros,
apenas esta chuva miudinha
que deixa tudo cinza ao redor...
A tristeza invadiu meu ninho
e até aquele sonho antigo
escorreu junto com a chuva
para as profundezas do nada.
A poesia se fechou no coração
silenciosa como a bruma.
O ar frio, úmido e grisalho,
vestido de névoas sombrias
impede minha imaginação
de passear com as palavras.
As dores do mundo
reboam entre as nuvens pesadas
acordando aquela saudade
da mulher sedenta
que encontrava nos seus lábios
a água para sua sede.
 
Carmen Vervloet

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Nunca te ausentes de mim (Para Vinicius de Moraes)


 


 

 
Poetinha, tu és meu ídolo, minha inspiração,
sem ti a vida é triste, nada existe...
 Este amor foi composto nas cordas de um violão,
só a ele a solidão resiste e a alegria insiste.
 
Passei por primaveras, verões e outonos,
superei divergências, obstáculos do caminho,
sem nunca te deixar nas asas do abandono
minha alma em êxtase deslizando no teu Barquinho...
 
Ouço na voz do vento tua poesia e me embriago...
E te segredo: Eu sei que vou te amar eternamente!
Quero viver entre teus versos, meu mago,
no eco que se repete na minha mente.
 
Tua ausência seria um insuportável tormento,
pensar nela seria morrer de desventura,
derramar o meu pranto, o meu triste lamento,
abrir a porta do coração para infinitas agruras.
 
Portanto, Poetinha, nunca te ausentes de mim...
Sem ti minha inspiração se dissiparia no universo,
meu coração seria como rosa murcha no jardim
e a poesia já não caberia nos meus secos versos.
Carmen Vervloet 
 
 
 
 


sábado, 26 de outubro de 2013

Deleite

 
Vaga a noite vagabunda,
 a lua renasce nua,
tão minha, tão sua,
a rosa transpira orvalho, sua...
As estrelas quais pirilampos
deixam o céu a meia-luz
enquanto faço o pontilhado
marcando o ritmo
no balanço do corpo sensual,
 sangue fervente,
 alma fluente,
pele ardente,
mente imprudente,
delírios e beijos,
a boca consente,
sempre ao som
de Vinícius e Tom,
pródiga de carícias!
No rito da luxúria
a pena empena,
no desejo dos corpos,
canto e sussurro,
pomar de delícias!
Lençóis amassados,
meu corpo tão leve
que até seu suspiro me levanta!
 
Carmen Vervloet

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Para as mulhers com mais de sessenta...

 
Mulher, não te apegue tanto à tua idade,
nem te entregue ao inconformismo que faz sofrer,
nem viva só de lembranças e saudades
encare a vida com energia e prazer.
 
Não te transforme num tronco carcomido
onde a coruja triste faz seu pouso,
não permita que o coração fique adormecido
 e deixe que o sonho parta livre e venturoso.
 
Deixe que ele te indique o caminho da alegria
onde possa valsar nos teus mais íntimos desejos,
liberte teus anseios, tuas paixões,  tuas fantasias,
cante, ria, dance no impulso do teu adejo.
 
Corra riscos sem medo, eles só te fortalecerão...
Esqueça quedas, esqueça dores, esqueça a razão,
siga só o que grita ou sussurra  teu coração,
assim o inverno se transformará em verão.
 
Não te amofine com as rugas do rosto,
nem com as curvas arredondadas do corpo...
Apenas para o impacto serve o que está exposto,
a sustentação está no perfume que exalas do teu horto.
 
Horto cultivado na terra fértil do teu interior
onde mente e coração andam sempre em harmonia
fazendo a beleza se expandir no teu exterior
qual rosa desabrochada que inspira o canto da cotovia.
 
Carmen Vervloet
 
 
 
 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Caixinha de Surpresas

 
A vida é uma caixinha de surpresas...
Algumas generosas, outras malvadas,
mas nem por isso me fecho em defesa,
mesmo que por vezes me sinta angustiada.
 
Fico atenta ao inesperado que surge,
ao mistério que o minuto me trás,
aberta à felicidade que urge,
e que cultivo numa caixinha  lilás.
 
Sigo por caminhos que despontam à minha frente,
sem saber bem onde vou dar...
Quantas vezes o que vem me surpreende
e me faz conjugar com ardor o verbo amar.
 
Dentro de mim semeio sempre alegria,
deixo a mágoa gotejar da alma,
brindo, com bom vinho,  à vida em sua disritmia,
caminho oscilante, mas buscando manter a calma.
 
E assim naturalmente tão desprotegida,
mas aberta  às surpresas da vida
vou alargando mais e mais o sorriso
 compondo este lídimo improviso.
 
Carmen Vervloet
 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ser Poeta


É olhar o mundo com olhos de poesia
guardando em  si um astro que brilha
é converter o pranto em harmonia
e transformar em rimas as armadilhas.
 
É ter asas e voar pelo infinito
sem se prender às crueldades da vida
é transformar o feio em bonito
e resumir em emoção cada ferida.
 
É ter no peito amor e sentimento
transformar em versos o que sai do coração
é levitar sobre a comoção e o pensamento
sem se importar com os espinhos do chão.
 
É amar, assim, perdidamente a poesia
e se entregar a ela como se fosse morrer
é se perder nas entrelinhas da fantasia
e em cada verso um coração aquecer.
 
Carmen Vervloet
 
 
 


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Oscilante

 
Às vezes você é como o tempo,
  anda distraído  na mesma direção,
insensível, sem parar para um acalento
envolto na capa da abstração.
 
Às vezes você é como o mar,
vai e vem em grande oscilação
chegando cheio de amor pra dar
partindo ferindo o coração.
 
Às vezes você é como um jardim
perfumando tudo à sua volta
nas mãos ramos de jasmim
no olhar pétala de amor que se solta.
 
Às vezes você é como andorinha
que parte em busca do verão
me deixando muda e sozinha,
perplexa, sem entender a razão.
 
Carmen Vervloet
 
 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Canção para minha Criança

 
 
Quando bate a tristeza
recorro à minha criança
que me mostra tanta beleza
acordando as boas lembranças.
 
E vou refazendo a ventura
nos acordes da sua canção,
plenos de amor e ternura
que saem do seu coração.
 
E tomada por sua alegria
me solto dos laços de fita,
me envolvo nas fantasias
desta flor que em mim habita.
 
Abro o baú de brinquedos
e encontro infindos jardins
vou tramando outro enredo
neste recreio sem fim.
 
Neste outono que vivo
folhas despencam de mim
mas dentro de mim cultivo
 primavera que se faz  jasmim.
 
Carmen Vervloet
 
 
 
 
 


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Inveja




 

A inveja é sentimento dos medíocres e frustrados. É através dela que se mede a improficiência dos invejosos.

 

Carmen Vervloet


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Benditos

 
Bendito seja Deus que nos deu o livre arbítrio,
que não pune nossos erros
e está sempre pronto a nos perdoar.
Benditas sejam as línguas que não caluniam,
benditos sejam os que não fazem mal ao seu próximo
e nem ultrajam os seus semelhantes.
Benditos sejam os humildes de coração,
aqueles que não conhecem a soberba.
Benditos sejam os que vivem na inocência
e praticam a justiça e a honestidade.
Benditos sejam os que optam pela verdade
e são justos para com seus semelhantes.
Bendita seja a vida que nos dá oportunidade
de evoluirmos a cada dia
na prática do amor.

Carmen Vervloet

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Idoso (singela homenagem)

Andou por todos os caminhos,
calejou as mãos na lida,
feriu os pés nos espinhos
perseverou e venceu a vida.
 
Aprendeu a ser paciente
neste mundo ingrato e sem dó,
hoje sábio e mais indulgente
desata, hábil, qualquer nó.
 
O tempo passou por ele,
mas não roubou sua alegria,
tingiu de branco os cabelos dele,
cada fio um compêndio de sabedoria.
 
Hoje é mais sol-posto do que alvorada...
Anos e anos transpostos na estrada,
merece de nós carinho e respeito
e nossos aplausos por tantos feitos.
 
Sua obra não cabe nestes versos,
mas cabe no nosso coração,
seu exemplo vibra no universo
e nos induz a reverenciar o grande campeão!
 
Carmen Vervloet.