quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Porque Choro

 
Verto meu pranto sobre as ruas bandidas,
onde transita o medo em tantas cidades,
verto meu pranto sobre a violência desmedida
que já se instaurou em todas as idades.
 
Verto meu pranto sobre as ramas pensativas
onde não mais se escondem o amor de um ninho,
numa selva de pedras onde aves fugitivas
buscam refúgio em algum outro cantinho.
 
Verto meu pranto quando o luar cor de prata
é visto apenas, por entre as grades da janela,
 quando já não chora romântica serenata,
e nem rola um beijo sob a acácia amarela.
 
Verto meu pranto porque sei que o universo sente
e nele pulsam as dores de todo o planeta
 deixando uma falta, um vazio na alma da gente,
restringindo, mais e mais, a felicidade e sua colheita.
 
 Medito à meia luz dos poentes pensativos
e sobre as agressões, meu espírito ajoelhado,
pede a Deus que interceda por reveses tão aflitivos
e que nos devolva a paz, tão branda, colhida no passado.
 
Carmen Vervloet
 
 

domingo, 25 de agosto de 2013

Eternizado (Para Jorge Amado)

 
O tempo foi e voltou,
passeou pelos seus cem anos,
por caminhos agrestes passou
colhendo pérolas e também desenganos.
 
  Às bordas da manhã
  sangrou as palavras
e em folhas brancas
expressou seus sentimentos,
ora, com o sumo da indignação,
ora, com o extrato do mucunã
colhido na sobremanhã
 do sedento sertão.
Foi homem apaixonado
pelas letras, pela vida,
por sua Zélia Gattai,
de todos  a mais querida!
Hoje, suas cinzas adubam
uma mangueira no seu quintal...
Enquanto seus sentimentos eternizados
em tantos romances giram mundo em espiral,
multiplicam-se qual flores luxuriantes
ampliando os seus leitores e amantes
num cenário gigantesco e real!
 
Carmen Vervloet
 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sem Pressa

 
Gosto da caminhada, não tenho pressa de chegar,
gosto do que vou encontrando pela estrada,
gosto da vida que oscila feito o mar.
A rotina corrói o âmago do amor,
enquanto o tempo corrói as dobradiças do corpo,
mas vou caminhando devagar, não tenho pressa de chegar.
Alço voo com os pássaros, numa liberdade arrebatadora,
querendo ainda tantas coisas
que até atropelo as bordas do desejo,
mas o sonho goteja pela nascente da alma
e como rio escorre, avança e segue vencendo obstáculos
embalado por uma mente que não envelhece,
que nasceu pelas mãos da ousadia
e foi acalentada por tantas fantasias.
No meu coração, mistério ainda a ser desvendado,
a fonte dos sentimentos
que jorram abundantes por onde passo
deixando sinais para quem puder ver.
A vida é cheia de contratempos,
mas gosto da caminhada,
 não tenho pressa de chegar...
 Sou peregrina da esperança!
 
Carmen Vervloet
 
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Ligeiras Pinceladas

 
E Deus criou o homem.
Deu-lhe inteligência, liberdade e livre arbítrio.
Deu-lhe garra para trabalhar
e colocou nos seus olhos a força de um propósito,
vencer os obstáculos, desbravar, criar, realizar...
Deu-lhe também a capacidade de vencer as solidões
mas o homem não soube lidar bem com isto,
e Deus na sua infinita bondade criou a mulher,
amiga, amante, companheira de todas as lutas.
Deus idealizou para os dois uma vida em paz,
uma vida digna,
mas eles foram se multiplicando
 e surgiu a cobiça e da cobiça surgiu o caos...
Homem matando homem,
homem roubando homem,
homem pisando  homem,
valores invertidos,
o poder corrompido!
A dor e a revolta só aumentando
e a desarmonia instaurada.
 
Hoje os homens idealistas,
as famílias de bem chegaram ao seu limite...
Os jovens que ainda trazem um quê de pureza
 já não suportam mais.
O povo, esquecido, cansado de sofrer!
E eles se juntaram e deram o grito de guerra!
Guerra à corrupção, guerra ao abuso de poder,
guerra a todas as arbitrariedades praticadas
contra o povo brasileiro.
Guerra ao corporativismo
 que esmaga o homem solitário.
O povo quer mudanças urgentes no Executivo,
Legislativo e Judiciário!
O povo quer lavar as manchas
que maculam a imagem do nosso amado Brasil.
O povo quer ética, decoro e honestidade!
E Já!
 
Carmen Vervloet
 
 

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Semeador

Sou mais um na multidão
e a tudo sou diverso de mim,
mesmo sendo igual a todos,
minhas mudanças não tem fim.
Vivo o hoje e gosto de viver assim,
não abro a porta para o passado,
e o futuro se esconde
 atrás de uma cortina de ilusão.
Vivo o presente,
só ele é real,
gosto de ser dissidente,
não quero a vida banal.
Mas o em torno me exige,
tenta transformar minha alma
em lâmina afiada,
implode a minha calma!
Mas luto, reluto,
resisto, persisto...
Há muito tirei a máscara
e sei que o bem
é o caminho da alma.
Semeio o impossível,
semeio versos de fraternidade,
semeio sentimentos,
semeio o coração.
Não sei se o que semeio
cairá em terra fértil
ou morrerá na terra estéril!
Não sei... Não sei...
Mas mesmo que a flor seque
seu perfume ficará por muito tempo
espalhado por onde semeei.
 
 O vento semeia poeira,
só nós humanos semeamos o bem
e colhemos a paz como
sementes de felicidade!
 
Carmen Vervloet

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Ervas Daninhas

 
O ciúme é o espinho do amor,
tanto fura que o amor não perdura
e entre tristeza e dor
todos choram suas agruras.
 
A desconfiança é o veneno do amor,
mata em doses homeopáticas,
 estimula o repúdio e o rancor
deixa a alma fria e estática.
 
A mentira é o inferno do amor...
Queima o encanto de qualquer relação,
transforma em fumaça, o viço, o fulgor,
incinera o arroubo do coração!
 
São ervas daninhas que tudo sufocam,
asfixiam o que brotou com tanto vigor,
devastam, ferem, implodem, chocam,
envolvem a vida em puro amargor.
 
O amor é um jardim que precisa ser cultivado
com zelo, carinho e muita atenção,
precisa respirar, não sobrevive abafado,
o amor é flor delicada que brota do coração.
 
Carmen Vervloet
 
 
 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Canção para a borboleta amarelinha

Voe, voe borboleta,
sobre o canteiro florido,
enquanto uma ampulheta
marca o tempo atrevido.
Seu tempo é curto,
beije, beije cada flor,
faça seus pequenos furtos,
selados com beijos de amor.
Borboleta amarelinha,
beije o gerânio rosado,
acaricie-o com suas asinhas,
faça um balé requintado.
Aproveite o seu tempo,
que está se extinguindo,
deixe marcas de encantamento
 com este seu voo tão lindo!
 
Carmen Vervloet
 
 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Amar... Amar... Amar...

Acorde, amor!
Ouça a poesia que de mim nasceu
Enquanto a noite adormeceu
Embalada nos meus versos!
 
Acorde, amor!
Sinta o perfume da flor,
A beleza da aurora,
Veja a noite ir embora!
 
Acorde, amor!
Já raiou a madrugada
E da nossa janela escancarada
Ouça o gorjeio do sabiá!
 
Acorde, amor!
Ouça o Baden ao violão
Arranjando a canção
Pra alegrar seu coração!
 
Acorde, amor!
Sinta este clima embriagador
Que alivia qualquer dor
Que dá brilho ao amor!
 
Acorde, amor!
Já não consigo esperar
É tempo de te abraçar
A sua boca beijar
E amar... E amar... E amar...
Você!
 
Carmen Vervloet