sexta-feira, 25 de maio de 2012

REFÉNS



Somos reféns do nosso medo,
presos entre quatro paredes.
Já não vemos crianças brincando
de amarelinha nas calçadas,
cirandas nas praças,
o vai e vem alegre pelas ruas...
Os monstros da atualidade
engoliram nossa liberdade!
A violência habita
cada esquina
seqüestros, roubos,
delinqüência, drogas,
perigosas manobras
que nos fazem tremer
e de angústia gemer...
Os bandidos transitam livremente
enquanto nós, cidadãos inocentes,
deixamos nossas casas,
moramos verticalmente
presos atrás de grades
exercitando nossa acuidade
na urgência de identificar
o perigo que nem é tão antigo!
Ah! Que saudade da minha infância
quando tudo era calmo,
trocávamos com vizinhos
afetos, abraços, carinhos,
deixávamos nossos carros abertos,
nossas portas escancaradas,
voávamos em liberdade como a passarada,
corríamos felizes pelos jardins!
Era um tempo de amor e delicadezas
que críamos sem fim...
Hoje minha moldura
é uma janela
e dela continuo enxergando
a mais linda tela!
Esta ninguém pode me roubar
céu, estrelas, sol e mar...
Tela pintada pelo Divino
que estimula meus sonhos
faz-me voar para qualquer continente,
deixa-me sorridente,
esperançosa e feliz...
Pelo menos em meus devaneios
brinco de ser atriz,
e continuo sendo dona
do meu próprio nariz!

Carmen Vervloet





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