quinta-feira, 7 de junho de 2012

MARIA DE TAL




Molhada em lágrimas subiu o morro,
olhou o céu, contou as estrelas,
não se atreveu a pedir socorro,
escondeu as mazelas, tentou esquecê-las!

Guardou sua fome em segredo,
descansou sob um florido arvoredo
estonteada qual louco bêbado
vomitou na terra a bílis do medo!

Saiu em busca de alimento para a cria,
estendeu a mão implorando esmola,
seu corpo fraco por migalhas vendia...
Sofria tal qual tangida viola!

Salvar seus filhos o desejo ardente,
colheu migalhas na tosca sacola,
e alimentou a cria pálida e doente,
maltrapilha, faminta e sem escola!

Entregou pra Deus sua sofrida sina
e tombou ao som de triste toada,
deixando a cria desamparada...

Seu nome apenas Maria de tal,
sem CPF e desempregada,
negou-lhe a vida o fundamental!...

Carmen Vervloet

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