terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Praia do Canto


Continuo te amando,
mas já não te enxergo
com os mesmos olhos,
nem te sinto com
 a mesma paz...
Engoliram tuas águas,
aterraram tuas praias,
demoliram tuas casas,
cortaram tuas castanheiras
e plantaram em seu lugar
prédios e mais prédios.
Encheram tuas ruas de carros,
invadiram teus quintais,
arrancaram tuas mangueiras,
poluíram o teu ar...
A violência tomou
o lugar das brincadeiras,
das queimadas no meio da rua,
das serenatas ao luar...
O pó preto te deixou mais cinza,
teus bancos sob as castanheiras,
de onde se via a lua cheia
e onde tantos sonhos
nasceram e alçaram voo,
já não existem
e a praia do Barracão ficou
apenas na memória, junto
com toda sua história...
Tudo foi soterrado pelo progresso
que arrancou tuas vestes bucólicas,
te deixando moderna,
 porém menos calorosa.
Foste terrivelmente agredida,
mas apesar de tudo,
 perdura tua beleza
e tua imagem antiga
ficará apenas gravada
na minha retina e
tatuada no meu coração,
intocável e pra sempre,
como meu imenso amor por ti.
 
Carmen Vervloet

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