sexta-feira, 4 de março de 2011

ABSTRAÇÃO


Todos vêem o lado feio da vida
Mas nem sempre lhe prestam atenção
Se não podem dar a devida acolhida
Por que então ferir o frágil coração?

Egoísmo? Displicência ou abstração?
Um pobre mendigando na calçada,
Uma criança faminta estendendo a mão...
A vida distribuindo bofetadas...
E os transeuntes escolhendo sua visão

Um bom filme ou quem sabe uma balada
Algo que possa lhes dar satisfação
Ninguém se atreve a decifrar essa charada
Almas anestesiadas na rotina da visão!

Para este quadro costumeiro não há trato
Não há tinta que tinja este negro chão
Não há fotógrafo que mude a feição deste retrato
Não há vontade política que mude a situação!

E assim fugindo da dura realidade
Cada qual fazendo sua abstração
Vamos seguindo pelas ruas da cidade
O amor encarcerado a sete chaves no coração!

Carmen Vervloet

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