domingo, 2 de janeiro de 2011

A TERRA PROMETIDA



Há uma terra tão áspera
Onde a suavidade do olhar sofrido
Por vezes supera a cena cruel.
Meninos caminham com chinelos gastos
Meninas sonham vestidos sem remendos
E os versos que tento, quase molham o papel
Há uma terra quase esquecida do céu...

Declino com o sol, o coração dói...
Encontro no fundo de mim,
Reservas do tempo
Grito versos de dor
Na esperança de ser ouvida.
Aponto os injustiçados
Responsabilizo os conspiradores
Sonho crianças soletrando alegria
Olhos faiscando estrelas
Nas madrugadas frias...

Há um silêncio na terra que versejo
Sonhos riscados no chão batido
Um vão de olhos e mãos
Suplicando o direito à vida
E os versos choram,
Meninos e meninas sem horizontes
Perdidos no esquecimento das elites
O amanhã talvez seja igual ao ontem
Não há flores na cena
Tampouco há risos...

Os sonhos agonizam nos dedos
Que contam as horas...
A neblina dos meus olhos
Encobre o desenho que traço...
A poesia chora!

Mas quanta doçura nos gestos dessa gente
Que abrandam a cena pungente
Se há mãos vazias, há corações ávidos
Olhares que refletem
Uma fé sem igual...
Botões quase sem viço
Vertendo sangue em sua cor
Mas que não deixam de buscar o sol
Na terra prometida por Deus.

Sirlei Passolongo e Carmen Vervloet

Nenhum comentário: